A história de Taize Wessner, presidente da Virtueyes, não começa em salas de reunião modernas ou com vistas panorâmicas. Se inicia com um uniforme escolar doado e o incômodo de usá-lo. Foi aos 14 anos, em meio à escassez financeira da família, que ela decidiu que teria sua independência. “Eu só queria ter meu dinheiro. O uniforme era doado e sempre o número de quem doou, não o meu”, lembra.
Nascida em Farroupilha (RS) e criada em Novo Hamburgo, Taize cresceu em uma família empreendedora, que atuava na distribuição de soluções de telecomunicações e segurança eletrônica. Ainda adolescente, começou a trabalhar na empresa da família. Ao mesmo tempo, explorava sua veia artística: pinta desde os 10 anos, um hobby que pretende retomar em breve. Mas o chamado para os negócios falou mais alto.
Aos 21 anos, veio o primeiro grande desafio. Sem plano de sucessão, seu pai, Osmar Wessner, repassou a ela o comando da empresa familiar. “Tínhamos muitas dívidas. Negociei até com agiota na época. Era muito corajosa. Jamais meu orgulho permitiria dizer que algo não estava certo.” Em 2012, a empresa foi vendida. Mas o que parecia o fim era só o começo.
Do recomeço à liderança em IoT
Em 2013, com apenas duas pessoas ao seu lado em um pequeno escritório em Portão (RS), Taize fundou a Virtueyes, marca que já existia no papel desde o ano anterior. A aposta era ousada: criar uma operadora virtual para prover conectividade e gestão de redes a empresas que usam dispositivos de Internet das Coisas (IoT), especialmente em regiões com pouca ou nenhuma cobertura.
A inspiração veio de casa. “Meu pai, lá em 2006, percebeu que as grandes operadoras não conseguiriam atender à demanda de IoT com qualidade em todo o País. Ele manteve a marca de chips que tínhamos. Foi um visionário”, reconhece.
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Hoje, a Virtueyes conta com 81 colaboradores, receita de R$ 56 milhões em 2024, com projeção para chegcar em R$ 82 milhões neste ano, e a ambiciosa meta de alcançar R$ 1 bilhão em faturamento nos próximos anos. Para isso, aposta em um crescimento acelerado, tanto orgânico quanto via aquisições, com foco no agronegócio.
“Temos uma MVNO (operadora móvel virtual) dedicada ao agro. Em muitas regiões, só há uma opção de conectividade, às vezes, nenhuma. Nesses casos, montamos toda a rede para o cliente, até a torre”, explica Taize.
Agro como motor e as pessoas como pilar
O campo se tornou o grande motor de expansão da Virtueyes. “É um mercado que exige infraestrutura digital robusta e resiliente. E estamos prontos para entregar isso”, afirma Shandrus Hohne Carvalho, vice-presidente da empresa desde setembro de 2024. Com passagens por grandes empresas de consumo e pelo agronegócio, ele é parte do novo capítulo da empresa.
Ao lado de Carvalho, outro nome estratégico entrou em cena: Ricardo Menezes, diretor Comercial da Virtueyes, que trouxe na bagagem a experiência em gestão de grandes volumes de dispositivos conectados. Juntos, eles compõem o que Taize chama de seu “dream team”. “Começamos a crescer 25% ao ano e pensei: por que não
60%? Por que não 100%? Foi aí que a ficha caiu. Percebi o tamanho do negócio que tinha nas mãos. E entendi que tudo começa pelas pessoas. Primeiro o time, depois os resultados.”
Para Menezes, o grande diferencial da Virtueyes é sua capacidade de simplificar a gestão da conectividade. “Empresas com 100 mil dispositivos precisam gerenciar tudo em tempo real, com segurança e suporte. Embarcamos operadoras no nosso sistema e oferecemos uma camada de controle que nenhuma operadora tradicional entrega. E o melhor: sem exigir volume mínimo.”
Em um mercado onde “tudo cai, menos IoT”, como diz Menezes, a Virtueyes encontrou um nicho poderoso e agora quer dominá-lo. A empresa já tem outorga como MVNO full e produtos prontos para atuação em até 180 países.
De olho nos próximos dez anos de transformação digital no campo, Taize e seu time estão prontos para acelerar ainda mais, revela ela. A ambição é ser a principal operadora digital do agro. “A Virtueyes nasceu para isso. E agora chegou a hora de escalar com força”, finaliza a executiva.
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