
Cada vez mais, as soluções climáticas têm se mostrado sustentáveis não apenas do ponto de vista ambiental, mas financeiro. Os projetos da startup Future Climate Energy Transition em parceria com as cidades de Aracaju (SE) e Feira de Santana (BA) são exemplo disso. A empresa, que calcula créditos de carbono gerados pela economia de consumo de energia em iluminação pública, é um braço da plataforma de negócios climáticos Future Climate, que será responsável por vender esses créditos.
Recentemente, a startup concluiu projetos em parceria com as prefeituras de Aracaju, capital de Sergipe, e do município baiano de Feira de Santana. Nas duas cidades, luminárias tradicionais da rede pública de iluminação foram substituídas por equipamentos de LED, que são mais eficientes, tanto para a redução de consumo de energia elétrica quanto em sua durabilidade. Essas duas iniciativas tiveram início em 2021, mesmo ano em que a Future Climate Energy Transition foi fundada.
Em Aracaju, a iniciativa gerou uma redução de 67,2% no consumo de energia. Enquanto em Feira de Santana a economia prevista é de 50%, com redução de consumo de energia e diminuição de substituição de luminárias.
Mas onde entra a Future Climate nessa história? A startup consegue calcular os créditos de carbono equivalentes à economia da energia consumida para o funcionamento das lâmpadas. A estimativa é que as duas cidades, somadas, tenham potencial para evitar anualmente 9.200 toneladas de CO2 (cada tonelada é equivalente a um crédito de carbono). Em sete anos, período estimado para o ciclo de geração de créditos, esse total seria de aproximadamente 65 mil toneladas de CO2 evitadas.
Em março deste ano, esses projetos da Future Climate Energy Transition conseguiram obter a certificação da Verra, organização sem fins lucrativos que opera o principal programa de crédito de carbono do mundo.
Com a certificação, as cidades passam a poder negociar os créditos de carbono no mercado voluntário, explica Rafael Borgheresi, Head de Energy Transition na Future Climate e diretor responsável pelo Public Lighting in Brazil Grouped Project.
“Isso permite trazer escalabilidade e viabilizar projetos que antes poderiam não ser. Além disso, funciona como uma vitrine para as cidades, que mostram que estão alinhadas com as práticas sustentáveis, na vanguarda”, afirma Rafael.
Segundo ele, o Public Lighting in Brazil Grouped Project pode trazer uma fonte de receita adicional para empresas privadas, consórcios e cidades que desenvolvam iniciativas semelhantes em iluminação pública.
Nas cidades de Aracaju e Feira de Santana, a Future Climate fez os cálculos de economia de consumo de energia elétrica na iluminação pública utilizando uma série de parâmetros, como a quantidade e a potência das luminárias, o tempo de manutenção e outros. Para o cálculo dos créditos de carbono gerados, foi utilizada uma metodologia aprovada pela UNFCCC (sigla em inglês para Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). O processo incluiu uma consulta pública com órgãos ambientais e membros das duas prefeituras envolvidas. A contabilização dos créditos tem retroatividade ao início das trocas das lâmpadas, em 2021. A partir de agora, começa a fase de monitoramento.
Com o sucesso da iniciativa e o alcance da certificação, a Future Climate agora planeja levantar uma rodada de investimentos. Até agora, a startup vem crescendo com capital próprio. “É possível ganhar dinheiro com sustentabilidade e captura de carbono. A agenda climática tem ganhado muito apelo e o capital para esse tipo de iniciativa vem crescendo nos últimos anos”, diz Rafael.
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