De Mountain View, Califórnia* – Quase 400 empresas instaladas em 138 cidades de 31 países dos cinco continentes. Esse é um retrato do empreendedorismo brasileiro ao redor do mundo. Entre os nomes da lista estão nomes como Brex, Birdie, Digibee, Tractian e Wellhub.
A maior parte das companhias vende para outras empresas (B2B) e opera no modelo de software como serviço (SaaS). As fintechs são a maioria dos empreendimentos, um reflexo dos avanços do segmento financeiro brasileiro. Os Estados Unidos, e particularmente o Vale do Silício, na Califórnia, são os destinos mais comuns da diaspora. Mas outros centros como Londres e Lisboa estão ganhando espaço.
O mapeamento foi feito pela Endeavor em parceria com Google Cloud e a Bay Brazil, e foi divulgado no segundo e último dia da Brazil at Silicon Valley (BSV). O Brasil é o quarto país da rede da entidade a fazer esse estudo.
O Brasil tem 4,5 milhões de pessoas vivendo fora, um número que cresceu 47% na última década. No levantamento feito pela Endeavor, as principais motivações para a mudança de país foram a por conta da carreira (81%) e também por motivos familiares (21%). A falta de segurança no Brasil foi mencionada por 18% dos entrevistados. Enquanto um exit ou evento de liquidez foi o motivo para 12%.
Um número que chamou a atenção foi que 93% dos brasileiros que empreendem fora do país estão dispostos a compartilhar aprendizados e dar mentorias para outros que queiram seguir o mesmo caminho. O número é muito maior do que o indicado por quem mora no Brasil – 80%.
Outro aspecto interessante é a intenção de investir em projetos de outros brasileiros: 61% dos participantes da pesquisa indicaram essa intenção.
Resiliência e adaptabilidade
No palco da BSV, Anderson Thees, diretor da Endeavor no Brasil, conversou com Felipe Meneses, cofundador da Hyperplane, e Taci Pereira, fundadora da Systemic Bio, dois representantes da diáspora nos EUA.
Na conversa a resiliência e a adaptabilidade foram destacadas como características importantes dos brasileiros para construir suas jornadas internacionais. “Estamos constantemente pensando e obcecados por como vamos chegar lá. E acho que esse sentimento te empurra para ir mais longe”, disse Felipe, que criou a Hyperplane no Vale e, em menos de dois anos, vendeu o negócio para o Nubank. Para ele, criar uma rede de segurança, com pessoas com quem seja possível compartilhar é um fator importante. “Você precisa de consistência. Você precisa de estabilidade”, afirmou.
Taci, que quase não se matriculou para a universidade de Harvard aos 17 anos por achar que não seria capaz de ser aprovada, ou que não poderia fazer pesquisas no mesmo nível que outros estudantes uma vez que estava na universidade, pontuou a necessidade de vencer o complexo de vira-lata e seguir adiante. “Não deixe [o fato de ser brasileiro e ter origem menos privilegiada] ser uma desvantagem. Apenas trabalhe duro e faça acontecer”, aconselhou.
*O jornalista viajou a convite da BSV
O post Empreendedores brasileiros estão em 31 países dos cinco continentes apareceu primeiro em Startups.