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Família Schurmann e X8 lançam fundo de US$ 200M para oceanos

By 24 de abril de 2025No Comments
Veleiro da ONG Voz dos Oceanos, da Família Schurmann
Veleiro da ONG Voz dos Oceanos, da Família Schurmann | Foto: Divulgação

Conhecida por dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro e por suas expedições pelos oceanos, a Família Schurmann testemunhou ao vivo, ao longo dos anos, os efeitos da poluição e das mudanças climáticas nos mares ao redor do mundo. Surgiu daí a vontade de fazer algo para mudar essa realidade, ideia que se materializou na ONG Voz dos Oceanos, fundada em 2021. Mas e se fosse possível mostrar que as soluções para esse problema vão além da filantropia e podem se tornar negócios lucrativos?

Enquanto a família pensava em como estruturar esse projeto, Carlos Miranda, fundador da gestora X8 Investimentos também cultivava a ideia de criar um fundo voltado para a economia azul. Um dia, em uma conversa com com Pierre Schurmann, fundador da Bossa Nova Investimentos e CEO da Nuvini, os dois perceberam que tinham um plano em comum.

“Eu e o Pierre nos conhecemos desde quando o venture capital começou no Brasil, e sempre nos encontramos e trabalhamos juntos. Num desses encontros, comentei que queria fazer algo em economia azul e o Pierre disse que a família também queria fazer algo nesse sentido. Daí nasceu o 8th Wave Fund“, conta Carlos.

O nome vem da expressão oitava onda, que no surfe é usada para descrever a melhor onda ou a onda perfeita, explica David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos, que está liderando o projeto junto com Carlos e Pierre. A iniciativa também conta com os sócios Taiza Roso e Daniel Kang.

“O planejamento começou há cinco anos, depois de 35 anos no mar. Começamos a ver os mares mudando e percebemos que precisávamos fazer algo pelos oceanos, porque senão meu filho não veria um oceano como eu vi. Já vimos lixo e resíduo mesmo nos lugares mais isolados do oceano. Nossa virada de chave foi em Nova Guiné, onde desembarcamos numa praia e tiramos quilos de lixo e garrafas pet”, lembra David.

Com US$ 200 milhões sob gestão, captados com investidores nacionais e internacionais – entre eles, family offices, fundos de fundos, investidores institucionais –, o 8th Wave Fund pretende investir em até 80 empresas em estágio de middle market e growth, com faturamento mínimo de US$ 5 milhões anuais.

A tese do fundo é global e inclui setores diversos, com impacto direto e indireto nos oceanos, como energia renovável, economia circular, tecnologia, alimentos (exceto aquicultura) e turismo sustentável.

Os cheques são de, no mínimo, US$ 1 milhão – ficando, em média, na casa dos US$ 5 milhões.

Retorno financeiro

Esse é o terceiro fundo da X8 Investimentos, que tem histórico de apoiar empresas geradoras de impacto. Em seu portfólio de investidas estão marcas como Mãe Terra (alimentos), Tera (plataforma educacional B2B e B2C) e Vida Veg (alimentos à base de plantas).

Segundo Carlos, que está em Paris para o ChangeNOW, o pipeline de empresas que se enquadram na tese do 8th Wave Fund é bastante amplo.

“Estamos olhando para oportunidades que nascem globalmente, então tem muita coisa. Já estou com mais de 15 reuniões marcadas com startups”, conta.

Como parte do acordo, 10% da remuneração da X8 com o fundo será revertida em fomento à ONG Voz dos Oceanos. Em contrapartida, a ONG fornecerá apoio educacional e científico para fomentar o ecossistema.

Para Carlos, porém, apesar de o impacto ter sido o propósito por trás da ideia do fundo, o grande apelo aos investidores é o retorno financeiro.

“A primeira coisa que a gente fala é que é oportunidade de negócio em setor promissor e com oportunidade de retorno. O filtro final é que tenha impacto positivo. Temos um histórico de empresas que mostra que os ativos com melhor liquidez, saída, rentabilidade, tinham esse filtro. Mas se o discurso começa em deixar o mundo melhor, tem gente que torce o nariz”, admite.

David Schurmann ressalta que, do ponto de vista de impacto, o acompanhamento será feito de perto pela Voz dos Oceanos, que trará uma equipe de cientistas para fazer a análise das empresas e um trabalho de due diligence.

“Pensamos que seria bacana montar fundo desse global para oceanos, um modelo que existia na Europa e nos países nórdicos, por exemplo, mas não no Brasil. Que não seja blue washing e que entregue retorno financeiro. Entendemos que é importante para o Brasil ter assento nesse lugar para falar de oceanos em âmbito internacional. Queremos defender essa tese onde as pessoas ganham dinheiro e defendem o meio ambiente”, aponta.

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