O Grupo Alura passa por mudanças importantes neste início de ano. Em meados de fevereiro, Juliano Tubino, então líder da RD Station – unidade de produtos de automação de marketing da Totvs –, assumiu a posição de CEO do grupo. No mês seguinte, Adriano Almeida, ex-COO com 17 anos de casa, tornou-se o novo CEO da Alura, onde continuará responsável pelas unidades Alura Para Empresas e Start by Alura. Paulo Silveira, fundador e até então CEO do grupo, assumiu a nova posição de Chief Visionary Officer (CVO) da organização.
Dois meses após assumir o comando do grupo, Tubino, em conversa com o IT Forum, conta que o movimento é parte de um processo “estruturado” de transformação da organização, planejado há algum tempo pelo conselho. Na visão da alta gestão, os próximos dez anos exigirão uma nova configuração gerencial e executiva para viabilizar a expansão da companhia.
A ambição é grande: nos próximos três anos, o Grupo Alura pretende alcançar R$ 1 bilhão em faturamento. Em 2024, a organização encerrou o ano com R$ 560 milhões em receita, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Para atingir esse objetivo, diz Tubino, o caminho será apostar nas forças de cada uma das unidades de negócio que compõem a organização. “Nós temos utilizado o termo ‘ecossistema’ com muita propriedade”, afirma.
Fundado há mais de uma década, o grupo é hoje formado pela Alura, que nasceu com o objetivo de formar jovens talentos em tecnologia com um modelo online; pela PM3, escola de negócios e produtos digitais adquirida em 2021; e pela FIAP, faculdade de informática e administração comprada no ano seguinte, com aporte da Crescera e Seek Capital.
“Me dediquei a entender com o maior nível de profundidade possível cada área funcional, cada unidade de negócio do grupo, nossos principais produtos e, especialmente, o valor real que queremos levar a cada um dos profissionais e estudantes da Alura, FIAP e PM3”, relata o executivo sobre os primeiros meses no cargo. “Meu foco inicial tem sido compreender de forma intencional e científica o que proteger e o que expandir no ecossistema.”
Um dos exemplos dessa ambição de expansão conjunta é a “Pós Tech“. Lançada em 2023, a pós-graduação intensiva em tecnologia é considerada a primeira cocriação do sistema, combinando expertises da Alura e da FIAP. Ela é composta por 16 cursos de pós-graduação em áreas como desenvolvimento, dados e cibersegurança, no formato online. No último ano, a Pós Tech registrou crescimento superior a 190% em receita e 85% no número de alunos, somando mais de 10 mil estudantes matriculados. “De longe, é nossa iniciativa que mais cresce”, afirma Tubino.
Para o CEO, os novos produtos que o grupo ambiciona desenvolver devem abranger toda a jornada do profissional de tecnologia. Essa abordagem é uma exigência do mercado em constante transformação, impulsionado pelo avanço de tecnologias como a inteligência artificial (IA) generativa e plataformas de nuvem. Um dos focos de interesse será criar novas possibilidades de formação de lideranças para o setor – com cursos de tecnologia pensados para o ambiente de negócios.
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“Se o reskilling é uma necessidade comum a todas as áreas, acredito muito que isso começa com a liderança”, avalia o CEO. “A liderança precisa estar confortável com o que vem pela frente. Não significa que ela precise se tornar especialista, mas é necessário um nível de profundidade muito maior, além da compreensão do ferramental.”
Outra frente de interesse é a atuação B2B do grupo, com modelos como o “Alura para Empresas”, que comercializa pacotes corporativos e soluções para onboarding de tecnologia. Segundo o CEO, esse é o modelo que tem apresentado maior tração de crescimento e nasce da demanda das empresas não apenas por educação, mas também por soluções de negócios.
“Temos observado essa necessidade cada vez mais presente nas conversas corporativas. Seja entre profissionais de gestão de pessoas e recursos humanos, encarregados de estruturar melhor as iniciativas voltadas ao desenvolvimento de talentos, seja entre profissionais de tecnologia que enfrentam dificuldades em suprir a demanda de inovação nas empresas”, explica.
Para ampliar o portfólio de produtos, o modelo online continuará sendo o principal formato do grupo. De acordo com Tubino, o formato é ideal não apenas pela “flexibilidade” que proporciona, mas também por oferecer “abundância de conhecimento” sem a necessidade de grandes investimentos em laboratórios ou ativos físicos.
Isso, entretanto, não significa que o grupo deixará de expandir sua atuação offline. Em março, foi inaugurado um novo polo em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no Instituto Caldeira. Segundo Tubino, outros três polos estão “em fase avançada” de desenvolvimento, localizados em Brasília, Campinas e São José dos Campos.
O crescimento desejado pelo CEO deverá ocorrer de forma orgânica, mas também por meio de parcerias. Tubino admite, por exemplo, que novas aquisições fazem parte das metas para ampliar a atuação do grupo. O objetivo é trazer mais “profundidade” para as operações da Alura, seja com mais expertise de negócios ou aprimoramento na gestão de produtos – como foi o caso da aquisição da PM3.
“Em minha carreira, me dediquei bastante a modelos de parceria. Seja na criação de canais, joint ventures ou parcerias em modelos específicos. Tudo o que fazemos em conjunto se torna melhor”, conclui.
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