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Satya Nadella, CEO da Microsoft. Imagem: Shuttestock

O principal evento da Microsoft voltado a desenvolvedores, realizado nesta segunda-feira (19) em Seattle, nos Estados Unidos, foi interrompido por um protesto de um funcionário da própria companhia. O engenheiro Joe Lopez, que atua há quatro anos na divisão de hardware da nuvem Azure, subiu ao palco minutos após o início da apresentação do CEO, Satya Nadella, gritando “Free Palestine” (“Palestina livre”).

A manifestação acontece em meio a uma onda de críticas dentro e fora da empresa sobre o uso de tecnologias da Microsoft, como serviços de nuvem e inteligência artificial, por órgãos do governo israelense em meio ao conflito na Faixa de Gaza. Segundo a apuração do site especializado The Verge, após ser retirado do auditório, Lopez encaminhou um e-mail para milhares de funcionários denunciando a “conivência da liderança da empresa” com ações do Exército de Israel.

“Estamos construindo tecnologias que são usadas para exterminar palestinos”, escreveu Lopez. “Todo byte de dado armazenado na nuvem pode ser usado para justificar o bombardeio de cidades.”

A Microsoft não respondeu às solicitações de comentário feitas pela reportagem do The Verge até a publicação do texto.

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Contrato com o Ministério da Defesa de Israel

O protesto de Lopez é parte de uma mobilização liderada pelo grupo No Azure for Apartheid, formado por funcionários e ex-funcionários da empresa. A organização pressiona a Microsoft a encerrar contratos com o Ministério da Defesa de Israel e acusa a companhia de colaborar com uma política de apartheid.

De acordo com documentos internos e investigações jornalísticas citadas pelo grupo, o governo israelense teria usado ferramentas da Azure (como IA para transcrição de chamadas e vigilância em larga escala) no monitoramento de palestinos.

A Microsoft divulgou na semana passada um relatório afirmando que uma auditoria interna e uma consultoria externa não encontraram evidências de que seus produtos estariam sendo usados para ferir civis. A empresa classificou a relação com Israel como um “acordo comercial padrão”.

No entanto, o próprio comunicado admitia que o governo israelense recebeu “acesso especial” a determinadas tecnologias. Para Hossam Nasr, ex-funcionário da empresa e fundador do movimento, a declaração mostra contradições. “Em uma frase dizem que não há evidências de uso indevido, na outra admitem que não sabem como a tecnologia está sendo aplicada”, afirmou ao The Verge.

Outros protestos

O episódio desta segunda não foi o primeiro. Em abril, durante o evento de 50 anos da Microsoft, dois ex-funcionários também protestaram. Um deles chamou o CEO de IA da empresa, Mustafa Suleyman, de “mercador da guerra”. Outro interrompeu falas de Bill Gates e do ex-CEO Steve Ballmer.

Para o engenheiro Joe Lopez, o silêncio da cúpula da empresa diante das denúncias o motivou a agir. “Se realmente não estamos envolvidos, por que não desmentem as acusações?”, questiona no e-mail. “A empresa tem poder para fazer o que é certo: parar o apoio tecnológico a Israel.”

Lopez afirma que pretende deixar a companhia e pede que colegas que compartilham da insatisfação façam o mesmo ou expressem seu posicionamento. “Se continuarmos calados, vamos pagar esse silêncio com nossa humanidade”, escreve.

Repercussão

Até o momento, a Microsoft não comentou publicamente o protesto. A conferência Build continua com a programação prevista até quarta-feira (21), com foco no lançamento de ferramentas de IA e atualizações em sua plataforma de nuvem.

Em paralelo, aumentam os apelos de boicote à empresa em redes sociais e fóruns internacionais.

Com informações The Verge

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