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Imagem mostra uma mão segurando um celular que exibe o logotipo oficial da COP30, com os dizeres "COP30 Belém - Pará - Brasil", acompanhado de uma folha estilizada com uma estrela vermelha. Ao fundo, desfocada, está a bandeira do Brasil. A imagem faz referência à realização da 30ª, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no estado do Pará, Brasil. Tecnologia

A COP30, que será realizada em Belém em 2025, marca uma virada simbólica e estratégica na luta contra a mudança do clima. “Estamos entrando em uma nova década de implementação”, destacou Ana Toni, CEO da COP30, durante encontro preparatório realizado hoje (05), Dia do Meio Ambiente, pela Belém Desk, iniciativa internacional que reúne jornalistas do mundo todo com foco em cobertura qualificada e impactante sobre clima e natureza. Dez anos após o Acordo de Paris, o evento quer sair da fase de construção de regras para focar em ações concretas, e a tecnologia tem papel importante nesse avanço.

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Se a última década foi de negociação, esta nova fase exige execução em escala, segundo Ana. E a tecnologia tem sido a principal aliada nessa missão. De acordo com Rodrigo Lima, sócio-diretor da Agroicone, uma das frentes mais promissoras do Brasil é a recuperação de áreas degradadas. “O Caminhos Verdes é um exemplo, mirando a recuperação de 40 milhões de hectares, usando o que há de mais avançado em soluções tecnológicas para agropecuária e reflorestamento”, afirma.

Para ele, o Brasil já tem feito uso de tecnologias “da mais básica à mais ultramoderna”, especialmente no contexto de adaptação às mudanças climáticas. A questão central, no entanto, é conectar essas soluções aos mecanismos de financiamento. “Estamos falando de negócios que vão desde saneamento básico até ferramentas sofisticadas de monitoramento, e que precisam de diretrizes claras para acesso a recursos”, pontuou.

Dados, pressão e escala

Ana Toni reforçou que a COP 30 tem um papel importante na construção de um novo ciclo de mensuração de resultados. O relatório de síntese que será apresentado antes da COP30 mostrará quão perto ou longe os países estão de suas metas climáticas. “Queremos acelerar, ganhar escala. Preferimos errar tentando a deixar de tentar”, disse, em referência à urgência da implementação dos compromissos nacionais (NDCs). Até o momento, apenas 22 países enviaram suas atualizações, e o Brasil, segundo ela, tem exercido pressão positiva por avanços.

Além disso, serão criados seis pavilhões temáticos na COP30 para aprofundar debates sobre energia, indústria, soluções baseadas na natureza, floresta, oceanos, cidades e infraestrutura.

Amazônia como centro e símbolo

A escolha de Belém, no coração da floresta amazônica, para sediar a COP30 não é apenas geográfica, mas também política e simbólica. “É apenas a segunda vez que uma COP acontece em uma floresta tropical. Isso traz um senso de urgência único”, afirmou Ana. A CEO destacou ainda o retorno da conferência ao Brasil, país onde nasceu a Convenção do Clima, durante a Rio-92.

Com forte presença de comunidades indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais, a COP30 quer mobilizar uma nova camada de participação: a da sociedade civil como protagonista. “Não podemos esperar a COP. A mudança climática exige ação de governos, empresas, indivíduos. Todos têm um papel fundamental”, disse.

Financiamento, licenciamento e escolhas difíceis

O debate sobre financiamento, especialmente privado, também ocupará papel central. A expectativa é de construir uma cesta de instrumentos que contemple mitigação e adaptação, com atenção especial à natureza e à agricultura.

“Estamos no meio de uma transição. Isso implica escolhas difíceis. Há tensões, como vimos recentemente nos Estados Unidos. Mas é preciso seguir avançando”, comentou Ana, ao defender decisões mais rápidas e efetivas por parte dos negociadores.

Antes da conferência em Belém, o Brasil, de acordo com Ana, deve realizar a COP dos Biomas, prevista para agosto ou setembro deste ano, sem data definida. A ideia é antecipar soluções presentes em diferentes ecossistemas brasileiros que possam ser levadas à COP30, reforçando a diversidade e a complexidade dos desafios e das oportunidades em território nacional. “Queremos solidariedade, coragem e escala. Não podemos mais perder tempo”, concluiu Ana.

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