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Nuvem impulsiona transformação digital e integração da saúde pública em São Paulo

By 13 de janeiro de 2025No Comments

A imagem mostra uma mão estendida de um profissional com um traje formal, segurando um símbolo de cruz que representa a saúde. Ao fundo, há elementos visuais digitais que incluem ícones relacionados à tecnologia e saúde, sugerindo um ambiente de inovação e digitalização na área da saúde. O efeito visual é moderno, com um tom azul predominante que transmite uma sensação de profissionalismo e avanço tecnológico (nuvem)

O setor de saúde vem passando por uma profunda transformação digital, impulsionada pela necessidade de otimizar processos, integrar informações e colocar o paciente no centro do cuidado. À frente de um projeto pioneiro na cidade de São Paulo está a Liberty Health, empresa que faz parte do Grupo Liberty, especializado em soluções tecnológicas para o setor.

Em entrevista ao IT Forum, Henrique Nixon, Chief Strategy Officer (CSO) da Liberty Health, detalhou os desafios, as conquistas e as próximas etapas de um projeto de nuvem que, em pouco mais de dois anos e meio, já impactou, por ano, 7 milhões de pessoas na capital paulista com um investimento de R$ 70 milhões.

Desafio inicial: infraestrutura e integração de dados

Segundo o executivo, primeira frente de atuação da Liberty Health na cidade de São Paulo foi levar o prontuário eletrônico para a nuvem, permitindo que as informações dos pacientes da rede pública de saúde ficassem centralizadas em um único local. “A tecnologia não resolve o problema sozinha, mas acelera o processo. A fragmentação de dados era um desafio, pois consumia-se muito tempo com burocracia e o atendimento deixava de ser humanizado”, explica Nixon.

Com mais de 1,4 mil estabelecimentos públicos de saúde em São Paulo, operando modelos de gestão distintos, o intercâmbio de informações era praticamente inviável. O segundo desafio foi, portanto, integrar esses diferentes sistemas para assegurar a troca de dados entre as entidades de saúde, como Unidades Básicas de Saúde (UBS), hospitais, laboratórios e outros serviços, viabilizando um Registro Eletrônico de Saúde único e acessível em tempo real.

Uso da nuvem, IA e o sumário unificado do paciente entram em cena

A adoção da Amazon Web Services (AWS) como base de infraestrutura em nuvem foi fundamental nesse processo, revela o executivo. De acordo com ele, a nuvem foi a base para a digitalização e é o primeiro passo para outras inovações

Nixon pontua que foi criada uma camada de comunicação para garantir que hospitais e unidades não ficassem desconectados, mesmo em situações adversas. Assim, o profissional de saúde passou a ter acesso ao histórico do paciente em um só lugar, unificação viabilizada por meio da ferramenta Bedrock da AWS, que oferece um sumário completo da vida clínica do indivíduo. “Antes, o médico precisava navegar por múltiplas telas. Hoje, em uma única visão, temos o quadro resumido e, se necessário, detalhes do prontuário”, comenta o CSO.

O passo seguinte, já em andamento, é o uso da inteligência artificial (IA) para gerar insights ao médico. A ideia é que, a partir dos dados do paciente, a IA aponte riscos, estimule o diagnóstico precoce e até sugira condutas baseadas em evidências científicas. “Exemplo: uma mulher com determinado histórico e resultados de exames pode ter um alerta precoce sobre risco de câncer de mama”, detalha Nixon.

Impacto financeiro da nuvem e otimização de processos

A transformação digital também trouxe benefícios econômicos para a cidade de São Paulo, indica. Com a digitalização do prontuário e o uso de dados estruturados, São Paulo conseguiu aumentar em R$ 140 milhões o faturamento no SUS. Ao ajustar fluxos de autorização, evitar glosas, recusa parcial ou total de pagamento de uma conta hospitalar ou de serviços de saúde, indevidas e alinhar a atuação dos profissionais de saúde conforme as exigências do Ministério da Saúde, o sistema otimiza a receita e, com isso, libera mais recursos para investimentos em tecnologia e melhorias no atendimento.

Capacitação dos profissionais: chave para o sucesso

Se a tecnologia é o motor, a capacitação é o combustível indispensável, acredita o executivo. Um dos grandes aprendizados, segundo Nixon, foi a necessidade de treinar os profissionais de saúde no ferramental. “No início, tínhamos o sistema, mas não havia preparo adequado. Criamos a Universidade Liberty, com vídeos curtos e treinamentos específicos. Assim, o médico, o enfermeiro e o técnico entendem o fluxo digital e podem focar no cuidado ao paciente”, relata.

Além disso, a Liberty trouxe profissionais de saúde para a equipe de tecnologia, garantindo diálogo fluido entre os times e a construção de soluções realmente aderentes às necessidades clínicas e operacionais.

Próximos passos: logística, integração público-privada e mais IA

O futuro envolve a integração com entes privados, como o Hospital Albert Einstein e o Sírio-Libanês, em São Paulo, ampliando a rede de troca de informações e garantindo que o paciente autorize o compartilhamento de seus dados entre o sistema público e o privado. Além disso, espera-se melhorar fluxos logísticos, evitando perdas e comprando insumos no momento exato. Com isso, a IA assumirá um papel crescente, desde o acompanhamento de pré-natal até a otimização de filas para procedimentos complexos, como transplantes.

A Liberty Health também se prepara para tendências internacionais de remuneração na saúde. Em vez de pagar por procedimento, a lógica futura é remunerar pela eficiência e resultados: menos reinternações, maior prevenção, atenção contínua ao paciente crônico. “Na Europa e nos Estados Unidos, o modelo de ‘diagnostic oriented group’ está avançando. Aqui, ainda pagamos pelo procedimento, não pelo desfecho. Estamos acompanhando essa mudança para, quando ela chegar, estarmos prontos”, explica Nixon.

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