Após quase uma década de avanços, os níveis gerais de cooperação global estagnaram, de acordo com novo relatório do Fórum Econômico Mundial. “À medida que o mundo passa de uma ordem global estável do pós-Guerra Fria para um período mais instável e imprevisível, a turbulência política e geopolítica tem o potencial de enfraquecer os esforços colaborativos globais”, aponta o Global Cooperation Barometer 2025.
Publicado em parceria com a McKinsey & Company e divulgado antes do Encontro Anual do Fórum de 2025, em Davos, na Suíça, o barômetro utiliza 41 indicadores para analisar a cooperação global em cinco dimensões: comércio e capital, inovação e tecnologia, clima e capital natural, saúde e bem-estar, e paz e segurança. Esses pilares foram escolhidos por sua influência no desenvolvimento global e pela dependência explícita de esforços cooperativos entre os países.
O relatório indica que a principal razão para a estagnação nos níveis de cooperação é a deterioração na paz e segurança globais. Contudo, o barômetro também identifica sinais de colaboração contínua e crescente em outras áreas, ressaltando que a necessidade de cooperação permanece essencial.
“Líderes do setor público e privado enfrentam uma nova urgência em aprofundar a cooperação em objetivos globais críticos que não podem avançar sozinhos”, aponta o documento.
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O relatório oferece uma perspectiva tanto para otimistas quanto para pessimistas em relação ao estado da cooperação global.
Perspectiva otimista
Uma área de destaque no barômetro de 2025 são os níveis de cooperação em clima e capital natural. Embora a ação climática ainda seja insuficiente, os esforços de cooperação continuam a crescer.
O relatório destaca que iniciativas globais para reduzir emissões, preservar o capital natural e preparar-se para os efeitos da crise climática têm mostrado tendências positivas, com fluxos recordes de financiamento climático público e privado nos últimos anos. Esse aumento impulsionou indústrias de tecnologias de baixo carbono.
“A implantação de energia solar e eólica evitou uma maior demanda por carvão e gás na geração de energia, enquanto o uso de veículos elétricos (EVs) reduziu a demanda por petróleo”, aponta o relatório.
A cooperação em inovação e tecnologia também apresenta tendências positivas. A digitalização da economia global tem estimulado colaborações e promovido a adoção de novas tecnologias.
Por exemplo, o preço das baterias de íon-lítio caiu em 2023, impulsionado por inovações em tecnologias de prospecção e extração, que aumentaram a oferta de minerais críticos. Isso resultou em um aumento de 30% na implantação dessas tecnologias.
Além disso, o barômetro observa que indicadores de saúde, como mortalidade infantil e expectativa de vida, estão melhorando após a pandemia de COVID-19. Inovações biomédicas e tecnologias de ponta continuam a avançar no diagnóstico e tratamento de doenças.
Perspectiva pessimista
A estagnação na cooperação global pode trazer consequências graves para a economia global e para a população mundial.
“A falta de progresso ocorre em um momento em que o último ano foi o mais quente da história, a economia global está em uma posição historicamente fraca e a segurança global enfrenta uma crise sem precedentes”, alerta o relatório.
A deterioração nos níveis de cooperação em paz e segurança é particularmente alarmante, sendo o principal fator que impactou negativamente o barômetro. O relatório afirma que a colaboração em paz e segurança tem caído por sete anos consecutivos, com todos os indicadores deste pilar abaixo das médias pré-pandemia.
Conflitos no Oriente Médio, Ucrânia e Sudão continuam intensos. Em 2024, mais de 122 milhões de pessoas foram deslocadas à força, um aumento em relação aos 118 milhões de 2023.
Além disso, grandes instituições internacionais têm sido incapazes de conter guerras em andamento ou prevenir novos conflitos. O Conselho de Segurança da ONU, por exemplo, aprovou menos resoluções em 2023 do que em qualquer outro ano desde 2013 e não autorizou uma nova operação de paz da ONU desde 2014.
O pilar de comércio e investimentos também apresentou tendência negativa. Reduções no comércio de bens na China e em economias em desenvolvimento contribuíram para essa queda. Restrições comerciais crescentes, especialmente em setores de inovação como tecnologias de baixo carbono, apresentam riscos significativos para a cooperação global e para os objetivos de sustentabilidade.
Mesmo os avanços positivos são considerados insuficientes. No caso do clima, o mundo ainda está distante do cenário necessário para alcançar emissões líquidas zero. Na saúde, há o risco de que a diminuição da cooperação impacte negativamente os resultados futuros.
Revitalizando a colaboração global
O relatório do Fórum Econômico Mundial ressalta que a cooperação global é indispensável para resolver os desafios enfrentados pelo mundo.
“A base para a resiliência, segurança e crescimento é a cooperação”, destaca o relatório. “A questão que os líderes devem se fazer não é se devem cooperar, mas como.”
O documento recomenda que líderes sejam flexíveis em abordagens desordenadas, aproveitem rapidamente oportunidades emergentes e não ignorem oportunidades pequenas de colaboração.
“Persistir em caminhos ineficazes apenas aumentará a desconfiança entre parceiros e líderes”, conclui o relatório. “No entanto, ser ágil e pivotar para soluções cooperativas entregará resultados e fortalecerá a confiança, criando um ciclo virtuoso no qual a confiança e a cooperação se aprofundam, abrindo novas oportunidades para soluções compartilhadas.”
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