Para a Siemens Software o ano de 2025 começou em outubro de 2024, quando iniciou seu ano fiscal. Desde então, o CEO da Siemens Software para a América do Sul, Daniel Scuzzarello, revela que a expectativa de mercado é positiva.
O cenário sintetiza o momento de ebulição tecnológica e de negócios que a companhia vive no Brasil. Em tempos de Indústria 4.0, soluções de low code – como a plataforma Mendix – saltam aos olhos de organizações que buscam acelerar o desenvolvimento de aplicativos e integrar dados entre diferentes setores.
“As empresas brasileiras querem ver para crer. Por isso, apostamos em projetos-piloto e provas de conceito. É um processo que demanda meses, mas a demonstração prática dos resultados fala mais alto do que qualquer discurso”, diz Scuzzarello.
Esse pragmatismo no mercado local também evidencia uma ampla diversidade de maturidades digitais. De acordo com ele, há indústrias engatinhando no uso de dados e outras que já operam com ferramentas avançadas de inteligência artificial (IA), uma das apostas da companhia.
“Para quem está no início da jornada, o primeiro passo é cuidar da qualidade do dado. Se a engenharia e o desenho de produtos não estão integrados, a empresa começa a perder consistência na informação. Essa espinha dorsal, que chamamos de alma digital, precisa estar bem estruturada. Em companhias mais maduras, o desafio é como extrair mais valor de volumes gigantescos de dados, conectados a ferramentas avançadas de IA e analytics”, explica ele.
A lista de setores que demandam tais soluções é extensa, aponta, e inclui automotivo, aeroespacial, petróleo e gás, papel e celulose — praticamente todas as indústrias que busquem competitividade global ou ganhos de eficiência.
“Cada ponto percentual de melhoria na produção representa milhões de dólares em economia ou aumento de receita. E hoje há uma pauta urgente: ESG. As empresas exigem que seus fornecedores cumpram metas de sustentabilidade, então a digitalização ajuda não só a fotografar o cenário atual como também a projetar o futuro desejado. Modelar a pegada de carbono e traçar rotas para a economia circular, por exemplo, são tarefas que um ecossistema digital bem estruturado consegue executar”, ressalta Scuzzarello.
Esse compromisso sustentável, segundo ele, vai além do meio ambiente, envolve também um senso de responsabilidade social e de inclusão tecnológica. “Falamos muito em IA e em como essas tecnologias podem melhorar processos, mas não podemos perder o fator humano de vista. Se a sociedade continua estressada, sentindo que o trabalho ficou mais pesado, será que estamos aproveitando corretamente as ferramentas digitais? Precisamos buscar um capitalismo consciente, priorizando saúde mental e empregabilidade.”
Nessa linha, a Siemens Software tem apostado em programas de estágio e trainee, além de parcerias com escolas técnicas e colégios, para capacitar jovens e requalificar profissionais. “Acreditamos que, se cada um fizer a sua parte, o problema da falta de mão de obra especializada se torna menor”, revela.
O executivo destaca ainda iniciativas de open innovation em Pernambuco e no Rio de Janeiro, provando que o Brasil pode assumir protagonismo em desenvolvimento de alta tecnologia. “Quando vejo a resiliência e a criatividade dos nossos engenheiros, e comparo o custo de produção local com o de outros mercados, fica claro que há um grande potencial de transformar o país em um hub de soluções de software para o mundo”, afirma.
Nuvem e IA no centro
Dentro de casa, a empresa segue firme em seu modelo híbrido de trabalho, conciliando a flexibilidade do home office com momentos de colaboração presencial. O executivo também comemora o crescimento expressivo nas soluções em Software as a Service (SaaS): um salto de 90% em 2024, com 94% da receita já recorrente. “O mundo SaaS oferece atualização contínua, desenvolvimento acelerado e proximidade maior com o cliente. Temos equipes inteiramente dedicadas a garantir o sucesso na adoção dos nossos produtos, e ainda disponibilizamos nossas soluções em marketplaces para facilitar o acesso.”
Mas, de todas as frentes, a mais promissora talvez seja a IA industrial, revela o executivo. “Temos um histórico extenso e patentes na área de inteligência artificial. A grande novidade é que chegamos a um ponto em que a IA está pronta para ser amplamente aplicada na indústria, de forma concreta e escalável. Imagina o operador de fábrica falando no idioma natural com o sistema de PLM, emitindo uma ordem de serviço que dispara uma série de tarefas automatizadas”, conta.
Segundo ele, essas soluções permitem que muito mais pessoas – e não apenas especialistas – aproveitem o melhor da engenharia digital. “Ao mesmo tempo, cabe a nós, líderes, garantir que a equipe não sofra com ansiedade ou medo de obsolescência. Afinal, precisamos colocar a tecnologia a serviço da qualidade de vida e da satisfação profissional”, destaca o CEO.
Em meio a tantas transformações simultâneas – cultura, tecnologia, sustentabilidade e formação de talentos –, a Siemens Software mostra que é possível navegar na “correnteza” da inovação sem perder o rumo humano. “O conceito de crise contínua não nos amedronta, pois estamos sempre prontos para reinventar. E esse é o maior aprendizado que deixamos para o mercado: se tudo vai mudar, que seja para melhor – e que, no fim das contas, as pessoas continuem no centro de tudo”, conclui Scuzzarello.
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