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Nvidia alega que avanços da DeepSeek reforçam demanda por mais chips no mercado chinês

By 28 de janeiro de 2025No Comments

Imagem de um chip eletrônico com o logotipo da NVIDIA em destaque, representando a tecnologia de hardware avançada e inovação em processamento gráfico e inteligência artificial

A Nvidia viu suas ações despencarem 17% depois que a gigante chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek demonstrou avanços significativos em seus modelos, aparentemente alcançando resultados próximos aos de rivais como a OpenAI com menos processadores Nvidia do que se imaginava necessário.

Na segunda-feira (27), a empresa norte-americana divulgou um comunicado argumentando que, longe de indicar uma potencial queda na demanda por seus produtos, o sucesso da DeepSeek demonstra a utilidade de seus chips no mercado chinês – e, em última análise, fortalece a perspectiva de que ainda mais unidades serão requisitadas no futuro.

Segundo informações da Reuters, o principal ponto de apreensão dos investidores surgiu quando relatos mostraram que a DeepSeek havia atingido patamares de desempenho comparáveis aos de concorrentes ocidentais, mas com uma quantidade relativamente modesta de chips H800 da Nvidia.

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Projetados para atender às regras de controle de exportação dos Estados Unidos, esses componentes têm especificações ligeiramente inferiores às dos chips avançados vendidos livremente dentro do mercado americano. Ainda assim, analistas entrevistados pela Reuters destacaram que, do ponto de vista prático, a limitação de performance não parece ter freado o progresso da DeepSeek de forma significativa.

Os controles de exportação norte-americanos, formalizados em 2022, foram elaborados para restringir o avanço tecnológico da China em áreas consideradas sensíveis, como o desenvolvimento de supercomputadores destinados a pesquisas nucleares ou a sofisticados sistemas de inteligência artificial.

Apesar disso, a DeepSeek, segundo apontam especialistas, tem se beneficiado de uma infraestrutura de computação robusta já instalada em centros de dados chineses, muitos dos quais equipados com modelos Nvidia que, quando adquiridos, ainda estavam em conformidade com as regulações vigentes na época.

Em comunicado, a Nvidia ressaltou que o trabalho da DeepSeek exemplifica como novas arquiteturas de IA podem ser obtidas a partir de modelos pré-existentes, exigindo, portanto, um volume considerável de capacidade computacional tanto para o processo de treinamento quanto para a chamada “inferência”. Esse último conceito refere-se ao uso de redes neurais treinadas para responder a uma infinidade de solicitações de usuários. De acordo com a empresa, é justamente na etapa de inferência que o poder de fogo de suas GPUs continuará sendo fundamental, reforçando que há espaço para mais chips no mercado chinês.

Jimmy Goodrich, assessor sênior da RAND Corp especializado em tecnologia, disse à Reuters que a China já possui pelo menos uma dúzia de supercomputadores equipados com grande número de processadores da Nvidia que eram legais para venda na época da aquisição.

Esses recursos de hardware podem, segundo Goodrich, viabilizar que grupos como a DeepSeek aperfeiçoem seus algoritmos, tornando-os mais eficientes no uso de energia e na organização dos dados. Assim, mesmo com limitações impostas pelos controles de exportação, a empresa asiática conseguiu construir modelos altamente competitivos.

DeepSeek atuava há anos com LLMs

Goodrich acrescentou que a DeepSeek não apareceu “da noite para o dia”. Ele lembra que a organização já atuava há anos em pesquisa de modelos de linguagem de grande porte (LLMs, na sigla em inglês) e em outras frentes de IA generativa. Ou seja, possui uma equipe de excelência e, se viesse a ter acesso a uma infraestrutura de computação ainda mais robusta, os resultados poderiam ser ainda mais impressionantes.

Para a Nvidia, o sucesso recente da DeepSeek deve ser visto como um indicador de que a demanda por seus chips está longe de diminuir. Segundo a empresa, a capacidade de resposta (inferência) a um grande volume de usuários requer uma infraestrutura significativa, já que as GPUs de alto desempenho são componentes essenciais para lidar com a natureza paralela das operações de IA. Embora a H800 seja levemente limitada em comparação à linha topo de gama nos EUA, ela ainda oferece, na visão de alguns especialistas, a melhor performance disponível no mercado chinês para rodar algoritmos avançados.

Entretanto, permanece a questão de até quando as autoridades dos Estados Unidos permitirão a venda desse tipo de chip para a China. Goodrich considera o H20, sucessor do H800 e adaptado às restrições de exportação mais recentes, como a opção mais forte atualmente disponível para inferência em solo chinês. Porém, pondera que o governo norte-americano pode, a qualquer momento, impor regras adicionais caso conclua que essas versões ainda fornecem poder de processamento em excesso, potencialmente impulsionando áreas de pesquisa consideradas estratégicas para a segurança nacional.

A Nvidia, por sua vez, continua tentando tranquilizar investidores. A empresa argumenta que o crescimento de aplicações de IA na China, seja em empresas privadas ou em projetos nacionais, provavelmente superará, no médio prazo, qualquer efeito limitador das restrições de exportação. Na prática, afirma a companhia, novos modelos de IA – incluindo possíveis avanços em análise de dados, medicina, logística e outras áreas – demandarão tanto capacidade de treinamento quanto recursos significativos de inferência para atender a milhões de solicitações diárias. Isso envolverá constantemente um grande volume de processadores, uma vez que cada instância de IA necessita manter certa redundância de hardware para lidar com o fluxo intenso de consultas.

Em última análise, o cenário traz à tona discussões complexas: de um lado, governos buscam regular e restringir a aquisição de tecnologias que possam dar vantagem competitiva a nações rivais; de outro, as empresas veem na IA uma fonte de inovações que atravessam fronteiras, atendendo a uma demanda global em explosão.

Enquanto isso, a DeepSeek tenta lidar com o influxo de novos usuários que, curiosos ou desejosos de testar seus sistemas de linguagem e outras soluções de IA, pressionam sua infraestrutura de computação – e, por tabela, reforçam a tese da Nvidia de que será necessário adquirir ainda mais chips avançados para dar conta de tamanha procura.

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