Skip to main content
Notícias

A arte de ouvir: o poder de uma atenção genuína

By 12 de janeiro de 2025No Comments
Foto: Canva

*Por Goldwasser Neto, CEO e co-fundador da Accountfy

arte de ouvir é mais do que captar palavras, trata-se de criar conexões profundas. Em um mundo onde a atenção se tornou escassa, ouvir genuinamente é um ato de generosidade e respeito. 

Sou apaixonado por música, já toquei em uma banda de rock ‘n’ roll quando morava em São Paulo e, mesmo não sendo um músico tecnicamente brilhante, sempre encontrei na música uma forma de me conectar com as pessoas. Ao longo da vida, percebi que tanto na música quanto nas conversas, ouvir exige atenção e prática. Assim como na música, cada diálogo tem sua melodia e emoção única, e ouvir com atenção transforma interações em conexões genuínas.

Além de tocar, algo que também me fascina é ouvir música, mas não de qualquer jeito. Tenho o hábito de buscar diferentes versões de uma mesma música, pois acredito que cada interpretação traz uma emoção única. 

Escutar além das palavras

Nas conversas e interações, detalhes como tom de voz, pausas e linguagem corporal compõem a “música” de cada conversa. Quando ouvimos distraídos, perdemos nuances que dão profundidade à mensagem. Assim como na música, ouvir pessoas exige ir além do óbvio. Esses elementos compõem a “música” de cada interação. 

Minha própria experiência trouxe aprendizados sobre observar os detalhes e perceber o tom e as expressões faciais durante as conversas. Quando nos perguntamos genuinamente o que a outra pessoa está sentindo, além do que está dizendo, captamos muito mais. Validar as emoções com frases como “Entendo por que você se sente assim” também cria pontes. Percebo também que devemos evitar soluções rápidas. Antes de dar conselhos, um caminho seria fazer perguntas como: “O que você espera desta conversa?” ou “Posso ajudar de alguma forma?”.

Além disso, Brené Brown nos lembra que a vulnerabilidade é o berço da conexão. Quando nos permitimos ser autênticos, criamos espaço para que os outros também o sejam. Nas relações profissionais, isso significa admitir que não temos todas as respostas e que estamos dispostos a aprender com os outros.

Nas conversas entre fundadores, essa abordagem pode transformar relacionamentos. Em vez de competir por atenção, podemos colaborar, compartilhar aprendizados e criar soluções juntos.

Vivemos em um mundo acelerado, onde a atenção se tornou um recurso escasso e valioso. No entanto, o ato de ouvir não é apenas uma questão de educação; é uma demonstração de respeito, empatia e generosidade. Quando realmente ouvimos alguém, oferecemos mais do que nosso tempo: oferecemos nossa presença e validamos a importância daquela pessoa e do que ela compartilha.

Por que a escuta ativa é importante?

Erich Fromm, filósofo e psicanalista, dizia que “ouvir é uma arte que exige esforço consciente e interesse genuíno no outro”. A escuta ativa permite criar conexões genuínas, algo que vai além das palavras.

Conversando com outros fundadores, percebo que muitos de nós caímos em uma armadilha comum: transformar qualquer diálogo em um pitch do nosso negócio. Falamos sobre nossos sucessos e conquistas, mas raramente paramos para ouvir os desafios ou as histórias dos outros.

Isso gera um problema. Quando só falamos de nós mesmos, enviamos sinais de desinteresse e egocentrismo. Por outro lado, fundadores que ouvem genuinamente criam pontes. Mostram vulnerabilidade ao reconhecer que não sabem tudo e ganham credibilidade ao se interessarem pelas experiências dos outros.

Como reverter esse comportamento? Uma ideia é redirecionar a conversa com perguntas como: “E você, como está lidando com seu desafio agora?”. Isso demonstra interesse e promove uma troca. Outra dica é evitar monopolizar o diálogo. Ao perceber que está falando muito, pause e convide o outro a compartilhar: “E você? Como tem sido a sua experiência?”. Além disso, praticar a escuta plena é essencial. Em vez de pensar na próxima resposta enquanto o outro fala, foque na mensagem. 

Dicas para melhorar a escuta ativa: 

  • Faça perguntas abertas: Perguntas como “O que você espera desta conversa?” demonstram interesse e promovem troca de ideias.
  • Evite interrupções: Esteja presente, concentrando-se na mensagem, não na sua resposta.
  • Observe os detalhes: Tome nota da linguagem corporal, do tom de voz e das pausas.

Afinal, quando não ouvimos, muita coisa acontece. Primeiro, perdemos credibilidade: as pessoas percebem quando estamos apenas esperando para falar, e isso mina a confiança. Outra consequência é a distância: a falta de interesse afasta possíveis aliados e oportunidades. E ainda tem o efeito colateral de perdermos lições valiosas. As interações e conversas são oportunidades de aprendizado. Quando não ouvimos com atenção, desperdiçamos essas oportunidades.

Estou certo de que ouvir é mais do que um ato de generosidade: é uma habilidade essencial para construir relacionamentos significativos e alcançar resultados práticos. Seja na música ou em conversas, a atenção plena transforma a experiência. Ela revela nuances, cria conexão e abre portas para colaborações que nunca imaginaríamos.

Da próxima vez que você estiver em uma conversa, pergunte-se: estou ouvindo como ouço minha música favorita? Estou captando a melodia e a emoção do outro? Se a resposta for sim, você não está apenas ouvindo; está criando harmonia — nas palavras, nas relações e no mundo ao seu redor.

O post A arte de ouvir: o poder de uma atenção genuína apareceu primeiro em Startups.