
*Por Vanessa Loiola, para o Startups
O médico Drauzio Varella defendeu, na última terça-feira (27), a ampliação do papel das farmácias como centros de cuidado preventivo durante a Semana Health ao Cubo, evento promovido pelo Cubo Itaú em São Paulo. “A farmácia tem que ser o pronto-socorro do bairro. É o lugar onde a pessoa entra, é ouvida e recebe orientação. Isso ainda é pouco explorado no Brasil”, disse o médico, ao criticar a centralização do sistema de saúde nas grandes estruturas hospitalares.
O evento reuniu representantes de startups, operadoras, hospitais e investidores para discutir os rumos da saúde integrada no país. Um dos consensos entre os participantes foi o de que o modelo atual precisa mudar o foco do tratamento para a prevenção, e que esse movimento passa pela inovação aberta, pelo uso de dados e pela descentralização do cuidado.
Durante a abertura do evento, Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú, destacou que o objetivo da semana é fortalecer a colaboração entre os diferentes atores do setor. “Estamos falando de um ecossistema em que startups, operadoras, hospitais e grandes empresas precisam construir juntos. É sobre fazer essas pontes acontecerem”, afirmou.
O executivo também ressaltou a importância de eventos como esse para aproximar ideias e gerar novas oportunidades: “Quando a gente junta as pessoas certas, no ambiente certo, surgem soluções que não sairiam de dentro de uma sala isolada”.
Cuidados mais próximos, contínuos e acessíveis
Durante o painel O Papel da Farmácia na Promoção da Saúde, Cuidado Contínuo e Prevenção, Drauzio enfatizou que as farmácias têm capilaridade para desempenhar um papel mais ativo na atenção primária. “Elas estão em todos os lugares, inclusive onde não há postos de saúde. Mas é preciso parar de ver a farmácia só como um comércio e enxergar como espaço de escuta. A escuta, aliás, é o que mais falta na medicina hoje”, afirmou. Para ele, a orientação feita ali, na base, pode evitar agravamentos, filas e internações desnecessárias.
Ao comentar os gargalos do SUS, o médico também ressaltou que é possível integrar farmácias e clínicas populares como portas de entrada do sistema, desde que se criem protocolos e condições mínimas para isso. “As pessoas não querem esperar três meses por uma consulta. O cuidado precisa estar onde elas estão.”
Inovação e inteligência artificial no centro do debate
Além do tema da atenção primária, a inteligência artificial também apareceu como aposta das startups presentes. Healthtechs apresentaram soluções baseadas em IA generativa, prontuários inteligentes, triagem automatizada e monitoramento remoto de pacientes. Segundo os participantes, essas ferramentas podem ampliar o alcance do cuidado e reduzir a sobrecarga do sistema público e privado.
A Semana Health ao Cubo ocorreu de 27 a 29 de maio com painéis voltados à transformação digital do setor, além de apresentações de startups e debates sobre regulação, longevidade e modelos de negócio mais sustentáveis.
O post “A farmácia tem que ser o pronto-socorro do bairro”, defende Drauzio Varella apareceu primeiro em Startups.