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À frente da Bitso no Brasil, Bárbara Espir quer mais mulheres no mercado de cripto

By 11 de abril de 2025No Comments

Bárbara Espir, a Country Manager da Bitso no Brasil. Imagem: divulgação

Bárbara Espir foi a primeira brasileira contratada pela Bitso, em 2019, quando a empresa ainda consolidava sua presença fora do México. Atuando como vice-presidente jurídica para a América Latina, ela teve papel central na expansão da operação para a Argentina, Colômbia e Brasil. Em 2023, assumiu o comando da empresa no País e se tornou a primeira mulher a liderar uma operação de criptomoedas no Brasil.

“É solitário. Em diversas situações, sou a única mulher na mesa”, afirma. “Mas temos nos esforçado para atrair mais mulheres para o mercado, inclusive como clientes.” Bárbara participa de redes de apoio entre executivas de outras indústrias, com quem compartilha desafios e estratégias para romper paradigmas. “Não precisamos agir como homens para liderar. Empatia, escuta ativa e colaboração são forças que precisam estar no ambiente de trabalho.”

Formada em Direito pela PUC-SP, com mestrado em venture capital e blockchain pela Stanford Law School, Bárbara iniciou sua carreira em fintechs nos Estados Unidos, com passagens pela Xoom e PayPal. Ao ser convidada para estruturar a operação da Bitso na América Latina, viu na proposta uma forma de atuar com temas que já a interessavam,  como pagamentos transfronteiriços e inclusão financeira. “Mesmo morando fora, o México e o Brasil tinham desafios muito parecidos. Era estratégico estar onde essas discussões estavam começando a se estruturar.”

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Com sede no México, a Bitso é hoje uma das principais empresas de serviços financeiros baseados em cripto da América Latina. Presente no México, Argentina, Colômbia e Brasil, a companhia soma mais de 9 milhões de usuários, sendo 1,9 milhão apenas no Brasil. Segundo a terceira edição do Panorama Cripto na América Latina, relatório publicado pela Bitson em março, o número de brasileiros na plataforma cresceu 6% em 2024, e o perfil dos investidores vem se sofisticando.

Investidor mais experiente e diversificado

O estudo aponta que, no Brasil, as stablecoins superaram o bitcoin como o ativo mais comprado em 2024. USDT e USDC somaram 26% das aquisições, contra 22% do BTC. O dado indica uma busca por estabilidade em um cenário de alta volatilidade cambial. “É um reflexo de como o mercado está amadurecendo. O investidor quer previsibilidade”, diz Bárbara.

Além disso, houve avanço na diversificação das carteiras e no uso de ferramentas de trading mais complexas. Produtos como o Bitso Alpha, voltado para negociação avançada, tiveram aumento de adesão. “O investidor brasileiro está mais informado e mais ousado. Isso mostra que a educação financeira e a regulação estão fazendo efeito”, afirma.

Outro fenômeno apontado pelo relatório é o crescimento das chamadas memecoins, como o token PEPE, que ganhou espaço na composição dos portfólios. Para Bárbara, esse movimento revela o apelo cultural e digital das cripto entre os jovens. A faixa etária entre 25 e 34 anos continua liderando entre os usuários da plataforma.

Foco nos pagamentos e na regulação

A executiva afirma que, após anos de testes e desenvolvimento, a empresa está concentrada em consolidar sua especialização em pagamentos internacionais. “Temos a faca e o queijo na mão para oferecer a melhor infraestrutura de pagamentos entre fronteiras da América Latina. A ideia é replicar o que o Pix representa internamente, mas para clientes de fora”, diz.

A Bitso já opera com infraestrutura local em todos os países onde atua, oferecendo liquidez e eficiência em moeda local. Em 2024, a empresa fez testes com clientes da Europa que devem passar a operar em volume no próximo ciclo.

O avanço regulatório também é visto como um pilar da estratégia. Bárbara acompanha de perto as discussões sobre o Marco Legal das Criptomoedas no Brasil e a regulamentação das stablecoins. “Hoje há mais previsibilidade. Isso atrai investidores institucionais e fortalece o mercado.”

Educação financeira ainda é barreira para mulheres

Apesar da evolução do setor, Bárbara aponta que a principal barreira para a entrada de mulheres no universo cripto ainda é a falta de educação financeira. “Essa parte de independência financeira é muito nova para a maioria das mulheres. Minha mãe nunca falou de dinheiro comigo. A primeira vez que falei de dinheiro com um homem foi com meu marido”, diz. “Cripto parece difícil. Mas não é. A gente precisa quebrar esse tabu.”

Ela atua como mentora de mulheres na área de tecnologia e integra o conselho da Vivalá, organização voltada à inovação social. “Quero que mais mulheres tenham curiosidade, vontade, resiliência. Se tiverem isso, vão encontrar espaço nesse mercado.”

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