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Marcos e Betina Wecker, sócios e cofundadores da Appmax | Foto: divulgação
Marcos e Betina Wecker, sócios e cofundadores da Appmax | Foto: divulgação

Até cerca de um ano atrás, lançar um banco digital não estava na lista de prioridades da Appmax. Estabelecida com sua solução de processamento de pagamentos digitais, ela não estava interessada em entrar em uma arena com nomes “parrudos” como PagBank, MercadoPago, entre outros. Entretanto, uma coisa fez a startup gaúcha mudar de ideia — e ela acaba de anunciar o Max, seu banco digital próprio.

“A inteligência artificial é um divisor de águas, que está ‘resetando’ diversos mercados, inclusive o bancário. Foi aí que vimos um espaço para realmente fazer algo novo, algo melhor, que se conecta com o nosso negócio”, afirma Marcos Wecker, cofundador e CEO da Appmax, em conversa em primeira mão com o Startups.

Segundo Marcos, investidores interessados na Appmax nos últimos anos chegaram a perguntar ao CEO se não estava no roadmap da empresa lançar uma solução de banking integrada ao seu sistema de pagamentos. “Muitas vezes ouvi eles perguntarem isso, mas eu olhava para outros players com mais dinheiro e com boas soluções, e a resposta até então era não. Agora, com a IA, todo mundo voltou ao ponto de partida”, avalia.

O plano se tornou oficial no começo do ano, quando a Appmax recebeu autorização do Banco Central para operar como Instituição de Pagamento, o que permite à fintech emitir e gerenciar contas de pagamento pré-pagas — ou seja, operar com serviços bancários, pagamentos via Pix e se conectar diretamente ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI).

Fundada em 2018 pelos irmãos Marcos e Betina Wecker, juntamente com Gustavo Kruger, a Appmax nasceu como uma operação de e-commerce, mas acabou se firmando como uma fintech de subadquirência depois de os sócios notarem que a solução de pagamentos que construíram internamente era a “mina de ouro” do negócio.

Desde então, a companhia fundada em Novo Hamburgo iniciou sua evolução, e o boom do e-commerce na pandemia também deu um “empurrão” nos negócios. Hoje, com cerca de 343 colaboradores e 10 mil clientes ativos, a empresa conta com nomes como Magazine Luiza, Sofá na Caixa, Jequiti, entre outros, na sua base de clientes. “Nosso foco maior ainda está em pequenos e médios, mas estamos avançando em grandes e-commerces”, pontua Marcos.

Desde 2018, a companhia já soma mais de R$ 9 bilhões em volume de pagamentos (TPV). Para este ano, a meta é bater a marca de R$ 4 bilhões – um número de respeito, mas ainda longe de gigantes como um PagBank, que processa mais de R$ 120 bilhões por trimestre. Por outro lado, em seus sete anos de trajetória, a companhia não fez nenhuma captação. “Somos 100% bootstrap, gerando caixa e reinvestindo para crescer. No ano passado, crescemos 400% em e-commerce”, dispara o CEO.

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Conforme explica Marcos, o lançamento do Max também é reflexo do investimento da Appmax na adoção de IA dentro de seus produtos. “Aperfeiçoamos funcionalidades como antifraude e recuperação de vendas, que antes eram feitas por telefone. A IA nos permitiu levar esse trabalho para o WhatsApp, reduzindo custos e ganhando eficiência”, explica.

Com a expertise de IA adquirida em outras frentes, o Max foi 100% desenvolvido internamente pela startup e, segundo os fundadores, é um produto que nasce com identidade e propostas diferenciadas. De acordo com a cofundadora e VP de novos negócios, Betina Wecker, a nova investida complementa o portfólio de pagamentos da empresa com uma experiência diferente do que se vê em outras plataformas que combinam banking e processamento de pagamentos.

“O Max não é só um banco com uma melhoria incremental de IA, é uma experiência bancária construída a partir da IA. Ele permite abrir contas, realizar pagamentos e transferências e acessar suporte no aplicativo do banco sem utilizar nenhum botão. Todas as operações podem ser feitas por meio de mensagens, áudios ou imagens. A IA do sistema compreende a linguagem natural e aprende com o comportamento do cliente para antecipar demandas, sugerir ações e otimizar a rotina”, explica Betina.

Para Marcos, o foco do lançamento está mais na experiência do que exatamente em oferecer uma gama extensa de produtos. “Nosso foco é ter poucos produtos, os essenciais, mas entregá-los de uma forma nova. Estamos repensando a experiência de banking para nossos clientes”, completa.

Uma experiência diferente

Lançado oficialmente nesta quinta-feira (29), o banco digital da Appmax nasce disponível para toda a base de clientes da companhia, mais alguns convidados que poderão utilizar a aplicação em primeira mão.

Segundo Betina, essa base inicial servirá como uma grande validação para o produto, que nos últimos meses estava rodando em stealth mode com um único cliente: a própria Appmax. A empresa levou a sua folha de pagamentos para o banco, com seus funcionários abrindo suas contas e recebendo seus salários por lá.

“É uma solução que pode atender empresas maiores, já que os funcionários podem abrir gratuitamente suas contas, mas olhamos principalmente para os comerciantes menores, que recebem seus pagamentos em uma conta individual, precisam fazer um Pix ou um pagamento e não estão satisfeitos com o app que utilizam. Eles podem fazer essas transações com um comando de voz pelo Max”, pontua Betina.

Para ganhar share com o Max, a Appmax aposta no poder de rede, sem investir quantias exorbitantes em marketing como outros players do setor. “Ele já nasce dentro de uma estrutura com 10 mil clientes e R$ 4 milhões por ano em TPV. Se estes usuários ficarem impressionados com a experiência que entregarmos, mais clientes virão”, completa a cofundadora.

A estratégia da Appmax com seu banco digital remete ao plano de outra startup que ganhou um buzz recentemente: a Magie. Um app de banking baseado no WhatsApp, e com uma estratégia de marketing baseada no boca-a-boca, a fintech conquistou 25 mil usuários e movimentou cerca de R$ 140 milhões em menos de um ano de operação, chegando a levantar uma rodada com a Canary.

Por falar em rodada, os fundadores da Appmax dizem que a empresa está bem, obrigado, e não tem necessidade de ir ao mercado para impulsionar seus produtos. “Com o crescimento do Max, pode ser que a gente queira escalar na parte de crédito, e isso pode exigir uma captação, um FIDC, por exemplo. Mas, no momento, não temos nada disso nos planos”, finaliza Marcos.

O post Appmax avança além dos pagamentos e lança banco digital apareceu primeiro em Startups.