O relatório Inspiring Growth Frontiers, divulgado durante o Web Summit Rio 2025 pelo Valor Capital Group e pela Credit Saison, projeta um cenário de forte crescimento para a tecnologia blockchain na América Latina (LATAM) e no Sudeste Asiático (SEA).
Segundo o estudo, enquanto grandes economias ainda estão na fase de testes com soluções baseadas em blockchain, essas duas regiões já despontam na adoção em larga escala, impulsionadas principalmente por movimentos liderados por bancos centrais.
De acordo com o relatório, a taxa de adoção de criptomoedas já atinge 19,8% na América Latina e 27,3% no Sudeste Asiático. No Brasil, destaca-se o desenvolvimento do Drex, projeto do Banco Central que visa a tokenização da economia nacional.
O país, que já conta com um dos ecossistemas de pagamentos digitais mais avançados do mundo graças ao Pix, responsável por 16,5% das transações financeiras, está expandindo o uso do blockchain para áreas como financiamento ao comércio exterior, concessão de crédito e digitalização de ativos.
O estudo também ressalta que Singapura se consolidou como um polo de inovação em blockchain. Cerca de 55% da população do país vê as criptomoedas como um meio de pagamento viável, apontam o Valor Capital Group e a Credit Saison. Com uma população combinada superior a um bilhão de pessoas, LATAM e SEA lideram a transição dos sistemas financeiros tradicionais para modelos baseados em blockchain.
Além da adoção por consumidores, o blockchain está transformando a infraestrutura de mercado financeiro nessas regiões. Segundo a pesquisa apresentada no Web Summit Rio, o impacto potencial da tecnologia pode movimentar US$ 3,2 trilhões, com contratos inteligentes aumentando a segurança, a transparência e a velocidade das transações.
Bruno Batavia, diretor de Tecnologias Emergentes na Valor Capital Group, explicou que os pagamentos internacionais, que tradicionalmente levavam de três a cinco dias para serem liquidados, agora podem ser processados em segundos com blockchain, eliminando intermediários e reduzindo custos. Batavia também destacou que a tokenização de ativos, como imóveis e commodities, está criando um mercado estimado em US$ 1,4 trilhão.
No contexto dos bancos centrais, o estudo aponta que 98% do PIB global está explorando a adoção de moedas digitais oficiais (CBDCs), com América Latina e Sudeste Asiático liderando as aplicações práticas.
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O relatório menciona ainda o papel pioneiro de Singapura com o Project Ubin, uma iniciativa governamental que integra blockchain ao sistema financeiro, incluindo testes de pagamentos internacionais em parceria com os bancos centrais do Canadá e da Inglaterra.
Tokenização do comércio e de commodities
Com as duas regiões exercendo papéis estratégicos no comércio global, a pesquisa da Valor Capital Group e Credit Saison prevê que a próxima grande onda de inovação será a tokenização de commodities.
Um exemplo citado é a Indonésia, maior exportador mundial de óleo de palma e carvão, que já utiliza blockchain no mercado de créditos de carbono por meio da plataforma IDXCarbon.
A expectativa é de que a tokenização de ativos no país alcance US$ 88 bilhões até 2030, gerando uma economia operacional de aproximadamente US$ 300 milhões, segundo Qin En Looi, sócio da Saison Capital, frente de venture capital da Credit Saison.
O estudo aponta que essa rápida evolução cria oportunidades expressivas para investidores, fintechs e instituições financeiras globais. Hoje, o dobro da meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a ampliação do acesso financeiro para populações não bancarizadas são vistos como marcos importantes.
Em declaração oficial, Qin En Looi enfatizou que o relatório funciona como um guia essencial para investidores interessados em explorar o potencial dessas regiões.
Ele lembrou que a Credit Saison atua no Brasil desde 2023 e já tem mais de uma década de presença no Sudeste Asiático, combinando investimentos em crédito privado e venture capital para impulsionar fintechs e empreendedores. “A nossa filosofia é crescer junto com os parceiros. Queremos continuar aprofundando nossa atuação nessas regiões para, juntos, destravarmos caminhos de crescimento sustentável”, finalizou Looi.
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