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CCR inicia implementação de IA generativa para revolucionar a infraestrutura de mobilidade

By 27 de março de 2025No Comments

Cristiane Gomes, diretora de Tecnologia e Digital da CCR. Imagem: PlayP Brasil

No fim de 2024, em uma daquelas reuniões de rediscussão estratégica, os executivos da CCR fizeram a pergunta inevitável: como trazer a inteligência artificial generativa para dentro do setor de mobilidade? A discussão não demorou a ganhar trâmite oficial. O Comitê de Inovação e Digital da empresa ganhou um novo nome – Comitê de Inovação, Digital e Inteligência Artificial – e o que se seguiu foi a concepção de um plano de adoção da tecnologia que a diretora de Tecnologia e Digital da companhia, Cristiane Gomes, batizou de “Jornada CCR de IA Generativa”.

O Grupo CCR é uma das maiores empresas de infraestrutura de mobilidade do Brasil, com concessões em rodovias, mobilidade urbana e aeroportos. Em 2024, investiu R$500 milhões para ampliar a digitalização e incorporar novas tecnologias. A adoção da inteligência artificial generativa, no entanto, apresenta desafios. “Toda nova tecnologia é um hype importante, mas precisa ser tratada com parcimônia”, diz Cristiane. “Nosso foco é aquilo que traga benefício real para o negócio, especialmente em eficiência, segurança e experiência do cliente.”

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As 4 ondas da IA generativa

A tal jornada foi estruturada em quatro ondas. A primeira fase, já em andamento, foi uma avaliação de maturidade e prontidão da empresa para absorver a IA generativa. O assessment, conduzido em parceria com a EY, incluiu uma radiografia das condições tecnológicas, culturais e regulatórias da CCR. “Embora a gente já use IA tradicional há mais de uma década, a IA generativa é outra conversa. Ela gera conteúdo e, no nosso setor, tudo tem que girar em torno da segurança”, explica Cristiane.

A segunda fase envolve a criação de um Centro de Excelência de IA Generativa dentro do Hub Digital da CCR, que também nasceu dessa reorganização. O centro será responsável pela governança e arquitetura da nova tecnologia, garantindo que sua adoção seja escalável e eficiente.

Paralelamente, a empresa decidiu não esperar a estruturação completa do projeto para entregar resultados. A meta é lançar dez MVPs (mínimos produtos viáveis) ao longo de 2025, quatro dos quais já estão em fase avançada. “Escolhemos cases cirúrgicos, problemas que podiam ser resolvidos com IA generativa e que já tinham uma estrutura de dados minimamente organizada”, conta Cristiane. O entusiasmo das equipes internas surpreendeu. “Os squads entraram com uma vontade fora de série. O pessoal de negócio pergunta toda hora: ‘Quando eu posso testar?’.”

O último eixo da jornada é o letramento digital. Com 17 mil colaboradores, a CCR estruturou um programa de educação sobre IA generativa, incluindo workshops para a alta liderança, treinamentos para diferentes níveis da empresa e parcerias com instituições como o MIT. “É preciso despertar nas pessoas a ideia de que a tecnologia pode melhorar o dia a dia delas”, diz Cristiane. Mas também há alertas com relação a segurança. “Ninguém pode sair colocando dados da empresa em IA aberta.”

Com tantas frentes em movimento, a CCR desenhou uma arquitetura flexível para sua IA generativa. A companhia definiu uma “IA primária”, mas permite a interação com outras LLMs (Large Language Models) conforme as necessidades dos projetos. A estrutura busca garantir que as soluções escolhidas sejam seguras, compatíveis com a infraestrutura existente e economicamente viáveis. “Cada semana surge um novo player, um novo modelo. O que não podemos fazer é usar tecnologia pela tecnologia”, afirma Cristiane. “Temos um framework que permite plugar as melhores soluções sem comprometer a segurança e a governança.”

Principais desafios

Um dos desafios futuros é evitar que os projetos morram no MVP, um problema comum quando a inovação não se conecta às operações diárias. “Desde o início, nossa área de sustentação participa do processo, para garantir que o que foi desenvolvido aqui não se perca na transição para o ambiente produtivo”, explica Cristiane.

A maior dificuldade, no entanto, é a mesma que assombra qualquer empresa que tenta incorporar IA: mão de obra qualificada. “Não adianta buscar talento no mercado, porque simplesmente não tem. Estamos criando programas de upskilling e reskilling internos para formar os profissionais que precisamos”, diz Cristiane. “Estamos apostando na nossa própria gente.”

A Jornada CCR de IA generativa ainda está nos primeiros quilômetros, mas os primeiros resultados devem surgir até o meio do ano. Até lá, a empresa segue ajustando as peças, torcendo para que a ‘tecnologia adolescente’ amadureça sem que os problemas adultos se multipliquem pelo caminho.

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