O CEO da Nvidia, Jensen Huang, se reuniu nesta segunda-feira (21) com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, para discutir a necessidade urgente de ampliar a geração de energia no Japão, a fim de atender às crescentes demandas da inteligência artificial.
Após o encontro oficial, Huang afirmou a jornalistas que “gerar e criar inteligência requer energia” e que o país precisará “construir uma nova infraestrutura” para sustentar esse avanço tecnológico, segundo reportou a Bloomberg.
Vestindo um raro terno azul e gravata, em vez de sua tradicional jaqueta de couro preta, Huang destacou o papel estratégico do Japão no cenário global de IA, graças à sua liderança histórica em robótica e manufatura industrial. Porém, alertou que a corrida global pela IA não pode ocorrer sem uma base energética robusta. “Energia é essencial para todo crescimento industrial”, afirmou.
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O Japão, com recursos naturais limitados, enfrenta um dilema: atender à voraz demanda dos data centers sem depender exclusivamente da reativação de usinas nucleares desativadas desde o desastre de Fukushima ou do aumento das importações de combustíveis fósseis caros.
Como parte de sua estratégia energética e diplomática, o governo japonês estuda investir em um projeto de gás natural liquefeito de US$ 44 bilhões no Alasca, em meio às negociações de um novo acordo comercial com os EUA, conforme já havia sinalizado Ishiba.
Onda de data certers
De acordo com a Agência Internacional de Energia, a onda de data centers alimentados por IA, e o sistema de resfriamento intensivo que eles exigem, deve impulsionar o maior crescimento da demanda por eletricidade em anos. Huang reforçou que a IA está prestes a transformar todos os setores da economia, de saúde a agricultura, passando por educação e manufatura.
A visita ao Japão ocorre logo após Huang ter passado por Pequim, num momento de reviravoltas para a Nvidia. O governo dos EUA proibiu recentemente a empresa de vender seus chips de IA H20 para a China, uma linha de produtos que havia sido projetada especificamente para cumprir as restrições anteriores de exportação. A medida representa uma escalada na disputa tecnológica entre Washington e Pequim.
Na semana passada, a Nvidia alertou para uma baixa contábil de US$ 5,5 bilhões decorrente dessas novas sanções. Um comitê bipartidário da Câmara dos EUA também pediu que a empresa forneça informações sobre vendas de chips no Sudeste Asiático e na China, alegando que esses produtos podem ter ajudado a startup chinesa DeepSeek a desenvolver seu chatbot de alto desempenho.
A pressão geopolítica sobre a Nvidia cresce, assim como sua dependência de mercados globais, e de infraestrutura energética compatível, para sustentar sua liderança em inteligência artificial. No Japão, Huang tenta construir alianças e garantir as bases materiais para o que descreve como a nova revolução industrial da era da IA.
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