Em um setor de tecnologia ainda majoritariamente masculino, a Voke se destaca ao alcançar 44% de mulheres entre seus colaboradores e estabelecer como meta a paridade de gênero até 2025. A marca foi comemorada nesta quarta-feira (24), Dia Internacional das Meninas em TIC, como parte das iniciativas de ESG da empresa.
Segundo dados da consultoria Mercer, em 2023, 70% dos profissionais de tecnologia no Brasil eram homens. Na Voke, porém, a participação feminina subiu de forma constante nos últimos anos. “Historicamente, era raro ver mulheres atuando nesse setor. Hoje, percebemos um ambiente cada vez mais equilibrado, ainda que o mercado em geral siga predominantemente masculino”, afirma Paula Mendonça, head de Serviços da Voke.
Paula, que está na empresa há 15 anos — época em que 80% do time de serviços era composto por homens — atribui essa mudança ao fortalecimento do debate sobre diversidade e inclusão. “Conforme a sociedade passou a discutir mais ativamente esses temas, empresas e profissionais também se mobilizaram. Mas a equidade vai além da relação entre homens e mulheres; deve envolver todos os gêneros.”
Para Júlia Greco, head de Qualidade, Processos e Pessoas, a jornada foi marcada por obstáculos de autoridade e segurança. “No início da minha carreira, em alguns laboratórios, éramos todas mulheres e precisávamos sair para coletas noturnas. Havia medo e sensação de minimização”, lembra. Na posição de liderança, Júlia diz notar que “um gestor homem costuma ser seguido sem questionamentos; nós, mulheres, temos de explicar por que e como, convencer duas vezes”.
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A diretora financeira (CFO) da Voke, Chyou Pey Tyng, nascida em Taiwan e criada no Brasil, vê a necessidade de ampliar oportunidades para candidaturas femininas a cargos estratégicos. “A mulher muitas vezes se prova em dobro para conquistar a confiança necessária. Na Voke, temos uma cultura que valoriza a igualdade, mas isso ainda não é regra em outras empresas.”
Outro foco foi o acolhimento à maternidade. A pesquisa Nielsen/Opinion Box de 2022 mostra que 75% das mulheres sentem que a gravidez prejudica sua avaliação profissional e 88% acreditam que a chance de engravidar é vista negativamente em processos seletivos. Mayra Simioni, diretora Jurídica e de Compliance da Voke, diz ter encontrado na empresa “suporte contínuo durante e após a licença-maternidade, com política de home office estendido por 12 meses e liberdade para levar as filhas a compromissos”.
Especialistas afirmam que iniciativas como essas contribuem para a retenção de talentos e fortalecem a cultura organizacional. Ainda assim, apontam desafios: levantamento do Instituto Ethos revela que apenas 23% das empresas brasileiras contam com programas formais de sucessão que incluem metas de gênero. Para preencher essa lacuna, recursos de tecnologia — como softwares de mapeamento de competências — podem tornar os processos mais objetivos, mas não substituem o engajamento da liderança.
Em nota, a Voke reforçou seu compromisso com a construção de “caminhos claros de evolução profissional” e afirmou investir em programas de mentoria, treinamentos técnicos e grupos de afinidade para consolidar a diversidade interna.
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