*Por Pablo Lemos
Dados e privacidade são hoje protagonistas em qualquer discussão sobre o uso da tecnologia para atrair e engajar consumidores. E, dentro desse cenário, é inegável que o marketing foi um dos setores que mais se transformou com o uso de dados — passando a orientar campanhas com alto grau de personalização e eficiência.
Essa busca constante por entender o comportamento do usuário e oferecer a mensagem certa no momento exato impulsionou a criação de ferramentas capazes de encurtar o caminho entre desejo e conversão. Entre essas inovações, uma se destaca por sua relevância presente — e, principalmente, futura: os Data Clean Rooms.
Na prática, um Data Clean Room é uma plataforma segura onde dados de campanhas podem ser cruzados com informações comportamentais dos consumidores de maneira anonimizada. O diferencial? Ele permite entender a jornada do usuário com extrema precisão, mesmo sem identificá-lo diretamente. Ferramentas como o Amazon Marketing Cloud e o Google Ads Data Hub lideram esse movimento, oferecendo análises que revelam, por exemplo, em qual momento e formato o consumidor teve contato com determinado anúncio — e como isso influenciou sua decisão de compra.
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Com isso, é possível mapear quais toques foram decisivos para a conversão: qual anúncio apareceu primeiro, em qual canal, quantas vezes o usuário foi impactado antes de realizar uma ação. Tudo isso com um alto nível de granularidade, mas respeitando os limites éticos e legais do uso de dados. Inclusive, quando uma consulta se aproxima demais de revelar uma identidade, o sistema simplesmente oculta a resposta — reforçando a importância da privacidade no processo.
Mais do que entender o passado, os Data Clean Rooms ajudam a desenhar o futuro. E é aqui que entra outro fator transformador: a inteligência artificial. Hoje, extrair insights dessas plataformas exige conhecimento técnico, com queries longas e complexas. Mas, em breve, será possível “conversar” com esses sistemas em linguagem natural e obter respostas sofisticadas sobre jornadas, melhores combinações de mídia, audiências mais propensas à conversão — tudo com mais agilidade e acessibilidade.
Essa evolução também representa uma democratização do acesso aos dados. Por muito tempo, os Data Clean Rooms eram restritos a gigantes globais, com ferramentas operadas por conglomerados de dados e voltadas a anunciantes com orçamentos milionários. Isso começou a mudar quando a Amazon abriu sua plataforma gratuitamente para anunciantes, rompendo o ciclo de exclusividade e tornando essa tecnologia disponível para marcas de diferentes tamanhos. Desde então, outras big techs vêm sendo pressionadas a seguir esse caminho.
O resultado? Mais empresas — pequenas, médias ou grandes — podem hoje tomar decisões com o mesmo nível de sofisticação que os grandes players. Isso representa uma virada estratégica no marketing digital, especialmente em um mundo onde a privacidade do usuário deixou de ser opcional para se tornar um pilar central das operações.
Estamos diante de um momento em que os Data Clean Rooms deixam de ser um recurso de nicho e passam a integrar o “arsenal básico” de quem quer competir com inteligência no novo cenário digital. Combinando performance, privacidade e precisão, essas plataformas representam o equilíbrio necessário entre resultado e responsabilidade.
Mais do que uma tendência, os Data Clean Rooms são um caminho sem volta para um marketing mais ético, eficiente e estratégico.
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