Por trás de decisões estratégicas, ajustes de portfólio e metas de crescimento, está Carolina Cabral, CEO da Nimbi, uma empresa de tecnologia especializada em soluções para procurement. Mas seu cargo executivo não resume a trajetória nem a liderança da administradora nascida em Joinville (SC). Mãe do Gustavo e esposa da Patrícia, Carolina aprendeu que liderar é, acima de tudo, um exercício de escuta.
“Ser mãe me ensinou a escutar de verdade, com profundidade”, diz. Desde o nascimento do filho, sua relação com o trabalho mudou. Aprendeu a desacelerar sem perder a direção. Diz que hoje mede produtividade pela energia que consegue manter no dia, sua e da equipe. “Não é mais sobre controlar, é sobre confiar.”
A confiança, segundo ela, é o que costura os papéis que exerce. “Quando estou com o Gustavo, sou a mamãe Calol. Quando estou na Nimbi, sou CEO. Tento fazer cada papel com intenção.” Com esse senso de presença, ela lidera uma empresa que vem sendo reconhecida entre as melhores para se trabalhar no Brasil, ao mesmo tempo em que impulsiona uma agenda de ESG e diversidade.
A ascensão profissional de Carolina acompanha a expansão da Nimbi. Estagiária aos 19 anos, percorreu áreas como compras, leilões, logística e marketing, em cidades como Curitiba, Londrina, Rio de Janeiro e São Paulo. Quando assumiu a presidência, acumulava 15 anos de casa. Sua chegada ao topo, no entanto, não foi um ponto de chegada, mas de transição.
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O desafio de conciliar liderança e maternidade
Entre uma reunião de resultados e uma febre do filho, Carolina encontrou o que chama de equilíbrio possível. “O maior desafio é aceitar que não dá pra ser tudo ao mesmo tempo, o tempo todo”, diz. Rejeita a ideia de equilíbrio como algo estático e defende a presença intencional em cada contexto. “Pensei em desacelerar, sim. E desacelerei em alguns aspectos, mas foi estratégico. Não se trata de parar, e sim de mudar a forma de andar.”
Essa escolha, no entanto, não é isenta de tensões. Há um viés persistente, ainda que muitas vezes não dito, de que a maternidade compromete a ambição. Carolina discorda: “Minha liderança ficou mais completa. Mais empática e até mais assertiva. Quem trabalha comigo vê isso no dia a dia.”
Da casa ao crachá: o impacto da maternidade na gestão
A maternidade não moldou apenas a rotina da CEO, mas também sua visão de gestão. Passou a avaliar as decisões estratégicas à luz do impacto humano e a defender a sustentabilidade emocional como critério de performance. “Performance sem bem-estar não se sustenta.”
Isso se reflete nas políticas internas da Nimbi. A empresa busca construir uma cultura que não veja a parentalidade como desvio de rota. “Temos mães e pais em cargos de liderança, políticas de flexibilidade e apoio emocional. Isso começa pelo exemplo.”
Liderar com afeto e propósito
Carolina é firme ao destacar que mães ainda enfrentam barreiras invisíveis, e que só discurso não basta. “Não é só sobre contratar diversidade, é garantir que ela tenha espaço para acontecer.” Para que mais mulheres cresçam em cargos de liderança sem abrir mão da maternidade, ela defende três pilares: apoio institucional, cultura inclusiva e rede de confiança.
Essa rede começa em casa, com a esposa Patrícia. “Ela é fundamental. Também conto com minha família em Joinville, que apesar da distância, se faz presente.” No trabalho, aposta em um time que permite vulnerabilidade. “Ter com quem desabafar, rir das falhas e dividir aprendizados sustenta a jornada.”
Se a Carolina de 19 anos imaginava que um dia ocuparia a presidência da Nimbi, a resposta ainda é incerta. Mas a CEO de hoje sabe que chegou onde está porque aprendeu a liderar ouvindo do time, da família, e principalmente, do filho. “O Gustavo me ensinou que é possível andar devagar sem sair do caminho.”
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