A computação quântica está, enfim, saindo dos laboratórios para ganhar espaço nos negócios. Antes envolta em mistério e restrita ao universo acadêmico, ela começa a mostrar sua utilidade prática e o mercado está atento. Uma nova pesquisa global do SAS revela que três em cada cinco empresas já estão investindo ou explorando ativamente a IA quântica.
Mas, como alertou Amy Stout, líder de estratégia de produto em quantum AI no SAS, esse entusiasmo ainda caminha lado a lado com incertezas e obstáculos.
“A pesquisa do SAS nos mostrou que, embora o interesse por quantum AI esteja em alta, organizações ainda tropeçam em barreiras como custo elevado, falta de entendimento técnico e incertezas sobre aplicações práticas”, sintetizou Amy, durante sua apresentação no SAS Innovate 2025*, que acontece esta semana em Orlando, nos Estados Unidos. “Nosso papel é justamente traduzir esse universo complexo em algo simples, acessível e aplicável. Hoje, não daqui a dez anos.”
Realizado em abril com 500 líderes empresariais de China, França, México, Reino Unido e Estados Unidos, o estudo revelou que mais de 70% dos entrevistados já têm conhecimento moderado ou alto sobre IA quântica.
Ainda assim, desafios como escassez de profissionais capacitados (31%) e ausência de diretrizes regulatórias claras (26%) mostram que transformar essa curiosidade em resultado é outro salto (e ele pode ser quântico, inclusive).
IA quântica: da teoria à prática
É nesse contexto entre o que é moda e a aplicação concreta que o SAS quer se posicionar. “Estamos construindo uma ponte entre o mundo quântico e os negócios tradicionais com três pilares: pesquisa, produtos e serviços”, explica Amy.
O foco da empresa está em oferecer arquiteturas híbridas que combinam a computação clássica com abordagens quânticas, sobretudo em áreas que exigem grande poder computacional, como a descoberta de medicamentos, a gestão de riscos e a otimização de processos industriais.
Entre os parceiros estratégicos, o SAS já trabalha com empresas como IBM (qubits supercondutores), QuEra (átomos neutros) e D-Wave (quantum annealing), além de explorar provas de conceito com clientes como a Procter & Gamble. (P&G). “Estamos vendo impactos reais no negócio hoje. Não é ficção científica. É resultado”, pontua Amy.
Um dos experimentos recentes foi a integração do método de quantum annealing ao SAS Viya Workbench, ambiente de desenvolvimento self-service que agora testa incorporar a IA quântica em fluxos de preparação de dados e modelagem.
Oportunidades
As aplicações de maior potencial apontadas pelos líderes empresariais entrevistados pelo levantamento do SAS vão além da análise de dados e do machine learning (48%) e incluem pesquisa e desenvolvimento (41%), segurança cibernética (35%), supply chain (31%), finanças (26%) e marketing (20%).
Ao mesmo tempo em que assume o papel de educador e catalisador tecnológico, o SAS também se compromete com o tema com pragmatismo. “Quantum AI não pode ser um exercício teórico ou um modismo de laboratório”, provoca Amy. “Tem de ser um diferencial competitivo, uma vantagem decisória tangível”, finaliza ela.
*A jornalista viajou a convite do SAS