Fundada em 2020 por dois executivos do setor de tecnologia – Rafael Marangoni, da Ingram Micro, e Flavio Rescia Dias, da DaRede –, a Escola da Nuvem buscava preencher uma lacuna ainda existente: a falta de profissionais qualificados para trabalhar com cloud computing e TI de modo geral. A organização social sem fins lucrativos busca capacitar e empregar pessoas em situação de vulnerabilidade.
O objetivo inicial era formar cerca de 500 alunos por ano, mas o número foi superado. Nos quatro primeiros anos foram 4.500 pessoas capacitadas. Somente em 2023 foram mais de 3.400 alunos capacitados, sendo que 83% conseguiram emprego, diz a organização.
Atualmente a ONG tem mais de 40 funcionários, 80 instrutores e mais de 200 voluntários por ciclo. A ideia é alcançar pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica e que desejam fazer transição de carreira ou ingressar no mercado de tecnologia.
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A Escola da Nuvem já capacitou pessoas que antes eram empregadas domésticas, vendedores ambulantes, porteiros, garçons, motoristas de aplicativo, entre outras profissões. “O propósito sempre foi ajudar as pessoas a saírem desses contextos”, conta Ana Letícia Lucca, Chief Revenue Officer da ONG.
A organização disponibiliza cursos gratuitos de computação em nuvem, com foco em AWS e Microsoft. Os alunos formados recebem certificados e são encaminhados para oportunidades de trabalho em empresas, e depois são acompanhados para que se adaptem ao novo ritmo de trabalho e expectativas dos contratantes.
“A gente pode impactar as pessoas (…) também no entorno, como os familiares e amigos que possam estar desempregados”, diz a executiva.
Exemplo pessoal
Ana Letícia é um exemplo pessoal do poder transformador da tecnologia. Nascida em Londrina, norte do Paraná, e filha de médica, a executiva diz ter crescido sob a visão de que existiam poucas profissões respeitáveis no mundo: medicina, direito, engenharia, odontologia e administração; esta última a menos bem vista.
Ana escolheu um caminho diferente: se apaixonou pelas artes e depois abriu uma escola de dança. Também foi teleatendente em uma farmácia e estagiária em uma indústria farmacêutica, onde fez carreira. Cursou administração.
Mudou de cidade várias vezes até chegar a São Paulo, capital. Ao ser desligada após a farmacêutica em que trabalhava ser vendida, teve a chance de refletir sobre a trajetória profissional. Buscou uma consultoria de carreira e passou a se dedicar a entender o mercado de capacitação técnica. Abriu uma consultoria de desenvolvimento organizacional e passou a atender o segmento de tecnologia, o que, tempos depois, a conectou com a Escola da Nuvem.
“Eu sempre fui muito apaixonada pelo segmento de tecnologia justamente por entender que é uma área super relevante para a transformação social”, lembra Ana.
Quando soube da Escola da Nuvem, a executiva se voluntariou. Desenvolveu conteúdos focados em ensinar a fazer currículos e se preparar para uma entrevista de emprego. Além disso, engajou voluntários, consolidando um propósito que unia experiência profissional e pessoal.
“Na Escola da Nuvem, consigo inspirar as pessoas a exteriorizar potenciais com um tempero muito melhor e maior para que se desafiem e se desenvolvam; e isso me deixa muito realizada”, diz Ana.
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