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A imagem mostra um conceito de cibersegurança, com um fundo escuro e um teclado de computador iluminado. Uma mão está digitando no teclado, enquanto ícones de cadeados digitais aparecem sobrepostos. Os cadeados vermelhos representam vulnerabilidades ou riscos de segurança, enquanto um cadeado azul no centro simboliza proteção e segurança digital (profissionais, xp, trabalho)

O governo federal instituiu quatro grupos de trabalho para avançar na execução da Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber), com foco em planejamento estratégico, requisitos técnicos e ações de educação digital. Os grupos funcionam no âmbito do Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber) e foram formalizados em resoluções publicadas no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (27).

O primeiro grupo, coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), será responsável por elaborar o Plano Nacional de Cibersegurança, com metas organizadas até 2031. O segundo, sob a Resolução nº 11, deve criar um Guia de Requisitos Mínimos de Cibersegurança. O terceiro se dedicará à produção de um manual para centros de análise e compartilhamento de informações sobre ameaças — estruturas previstas para apoiar instituições na resposta a ataques cibernéticos.

O quarto grupo, criado pela Resolução nº 9, será voltado à produção de materiais educativos e campanhas de sensibilização da sociedade sobre segurança digital. Coordenado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o grupo terá dois meses para apresentar suas propostas. Entre os participantes está o Instituto Peck de Cidadania Digital (IPCD), que representa a sociedade civil no CNCiber.

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“É com muita satisfação que abraçamos a missão de conscientizar sobre as ameaças cibernéticas e de prevenir riscos no ambiente digital”, afirma a advogada Dra. Patricia Peck, especialista em Direito Digital, presidente do Instituto IPCD de Ética Digital e membro titular do Comitê Nacional de Cibersegurança. “A educação é o eixo estruturante de qualquer política de cibersegurança séria. Sem isso, qualquer plano técnico fica incompleto.”

Ações previstas

Com duração inicial de até quatro meses, o grupo que cuidará do plano nacional terá a tarefa de mapear ações já existentes e propor novas iniciativas de curto (2025 a 2027) e médio prazo (2028 a 2031). A proposta é organizar medidas que fortaleçam a proteção de dados, previnam ataques e promovam a resiliência cibernética de sistemas públicos e privados.

A coordenação do grupo está a cargo do GSI, com participação de representantes da Casa Civil, dos ministérios da Justiça, Defesa, Educação, Comunicações, MCTI, além de entidades como a FIESP, a Conexis, o IASP e a ASSESPRO.

Já o grupo de materiais educativos contará com representantes da Anatel, FGV, CPQD, RNP e organizações da sociedade civil. O foco será identificar conteúdos de sensibilização sobre cibersegurança e definir formas de levá-los à população em geral.

Contexto e metas

Criada no fim de 2023, a Política Nacional de Cibersegurança estabelece diretrizes para garantir a segurança de sistemas, proteger infraestruturas críticas e fomentar uma cultura de prevenção no país. O plano agora em desenvolvimento é uma etapa prática dessa política, com previsão de orientar ações federais até o fim da década.

A Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber), atualizada para o período de 2025 a 2028, define eixos estratégicos como governança, capacitação, proteção a serviços essenciais e cooperação internacional. O novo plano deverá seguir essas linhas, detalhando como as metas serão cumpridas e quais órgãos estarão envolvidos.

País é um dos mais atacados da América Latina

O Brasil ocupa posição de destaque (negativa) no cenário latino-americano de ataques cibernéticos. Segundo estudo citado recentemente no Senado, os crimes digitais causaram prejuízos que podem chegar a 18% do PIB nacional. O país lidera o ranking de ataques a instituições públicas e privadas na região.

Em abril, o senador Esperidião Amin (PP-SC) defendeu a criação de uma agência nacional de cibersegurança, com orçamento e autoridade próprios, proposta que ainda não avançou no Congresso.

Participação multissetorial

A composição dos grupos inclui representantes do governo, do setor empresarial, da academia e da sociedade civil. A ideia é garantir que o plano e os materiais educativos reflitam múltiplas perspectivas e não fiquem restritos à lógica estatal.

Entre os integrantes estão entidades como o Instituto Peck, a FGV, o CPQD, a RNP e federações do setor produtivo. “As empresas são parte essencial da segurança digital dos brasileiros, porque muitas vezes são a porta de entrada do ambiente online”, afirma Marcos Ferrari, presidente da Conexis.

O CGI.br, que ficará responsável pelo grupo de materiais educativos, já vinha atuando com campanhas de conscientização e produção de conteúdos voltados à população geral. A expectativa agora é integrar esse trabalho ao escopo da PNCiber.

Próximos passos

Ao fim dos trabalhos, cada grupo deverá entregar um relatório ao CNCiber. A expectativa do governo é que o plano nacional sirva de base para programas públicos, capacitação técnica, modernização de sistemas e desenvolvimento de políticas específicas para setores sensíveis, como saúde, educação e serviços financeiros.

A consulta pública sobre o plano não foi prevista nesta etapa, mas o governo afirma que os trabalhos terão participação social garantida por meio das entidades representadas.

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