Não há como negar que a inteligência artificial (IA) já se tornou parte do dia a dia das decisões de negócio das lideranças de tecnologia. De acordo com dados da pesquisa Antes da TI, a Estratégia, realizada anualmente pelo IT Forum com líderes de TI das maiores empresas do Brasil, três quartos dos CIOs respondentes já utilizam essas ferramentas como parte ativa das operações.
Para Graci de Melo, fundadora e coCEO da V8.tech, o cenário já transforma a tecnologia em uma espécie de novo colaborador das organizações. “Ela já está presente em todos os lugares, em todas as áreas, só não tem crachá”, brincou durante sua participação no IT Forum Trancoso 2025.
Dentro da própria V8, contou, a tecnologia já se disseminou de forma ampla. A companhia opera a chamada “V8 Genia”, plataforma que oferece as mais diversas LLMs do mercado para apoiar na tomada de decisão de áreas como finanças, marketing, vendas, RH e até mesmo do Conselho. “Nós conseguimos relatórios e dados preciosos para a tomada de decisões”, afirmou.
Priscyla Laham, presidente da Microsoft Brasil, reforçou a visão da IA como um “copiloto” dos colaboradores, empregada para expandir as capacidades humanas por meio dos dados corporativos. A mais recente edição do Work Trend Index, estudo elaborado pela própria Microsoft sobre temas de trabalho e tecnologia, aponta que 75% dos information workers já utilizam IA no cotidiano.
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“Já falamos das frontier firms, empresas que têm a inteligência artificial completamente integrada à operação e ao processo de decisão estratégica”, pontuou a executiva da Microsoft Brasil. “Talvez nos tornemos chefes de agentes ou de ambientes híbridos entre agentes e humanos.”
Nesse contexto, ambas as líderes enfatizaram a importância de uma governança robusta de dados, com os pilares de privacidade, transparência e segurança necessários para garantir os controles adequados sobre a tecnologia. Para Priscyla, se esses mecanismos não forem impostos agora às inovações que utilizam IA, em dois ou três anos poderão se transformar em problemas para as organizações. “Especialmente quando a IA começa a se disseminar nas áreas de negócio, a chance de perda de controle é muito grande”, ressaltou.
Graci, da V8, reforçou o ponto trazido pela representante da Microsoft. A executiva destacou a própria experiência com o V8 Genia como uma iniciativa que começou internamente, a fim de ser validada do ponto de vista de segurança e governança antes de se tornar uma oferta comercial para os clientes. “Quando a gente criou o hub, o primeiro passo foi estabelecer controles de acesso e conexões claras com sistemas legados”, explicou. “Você só faz isso experimentando.”
Para garantir o sucesso dessa estratégia de governança, os CIOs têm papel fundamental. Priscyla, da Microsoft, avalia que é desses profissionais a responsabilidade de “democratizar” a IA para assegurar a governança e o controle dos temas antes que a “mágica aconteça” – ou seja, antes que as áreas de negócio comecem a utilizar as ferramentas de forma descontrolada.
Já Graci, da V8, ressaltou a importância da “mudança de cultura” necessária para que a adoção dessas ferramentas seja bem-sucedida. “Temos que acreditar que a IA é um propulsor da capacidade humana – um novo colaborador invisível que vai melhorar nossa habilidade de pensar e tomar decisões.”
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