O crescimento explosivo da inteligência artificial (IA) está gerando um impacto invisível, e preocupante, na matriz energética global. Embora gigantes da tecnologia como Meta e Google façam promessas públicas sobre usar fontes limpas ou até apoiar projetos nucleares, na prática, é o gás natural que está abastecendo a infraestrutura por trás dos modelos de IA. E esse movimento pode comprometer metas climáticas por décadas.
A constatação aparece em uma série de reportagens da MIT Technology Review, que investigou a crescente demanda energética gerada por data centers e modelos de IA. Embora os olhos estejam voltados para o potencial de novas usinas nucleares, a realidade aponta para um caminho muito mais rápido, e poluente: a expansão de termelétricas a gás nos Estados Unidos.
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Promessas nucleares x pragmatismo fóssil
A energia nuclear parece, à primeira vista, a solução ideal, ela fornece energia constante, confiável e com emissão zero de carbono. Mas os obstáculos são grandes. Leva-se anos (ou décadas) para licenciar, construir e colocar uma nova usina em operação. A alternativa mais viável tem sido reativar plantas antigas ou ampliar discretamente a capacidade de estações já em funcionamento, como no caso da Columbia Generating Station, que poderá ganhar 162 megawatts extras, aumento modesto diante da explosão de demanda.
Mesmo que techs apoiem esse movimento, a oferta extra não será suficiente para bancar o crescimento projetado para a IA. Para atender ao ritmo exigido por modelos como Claude (da Anthropic), ChatGPT (da OpenAI) ou Gemini (do Google), a rede elétrica precisa estar disponível 24 horas por dia, o que não combina com a intermitência da solar e da eólica, a menos que se invista pesado em armazenamento, o que encarece o processo.
Gás natural entra em cena
Diante dessa equação, o gás natural tem sido o combustível de escolha para garantir estabilidade e escala. Como aponta o jornalista David Rotman, citado na mesma série de reportagens, novos projetos de usinas movidas a gás estão em alta nos EUA, movidos pela expectativa de crescimento dos data centers. E esse cenário é alarmante: as plantas construídas hoje tendem a operar até 2055, ultrapassando em cinco anos o prazo estabelecido no Acordo de Paris para zerar emissões líquidas.
Segundo especialistas, ainda haveria tempo para mudar esse destino. Gigantes da tecnologia poderiam, por exemplo, adotar estratégias de flexibilidade no consumo, reduzindo sua demanda nos horários de pico, ou exigir de fornecedores medidas como captura de carbono ou controle de vazamentos de metano. Mas, até agora, o movimento tem sido tímido.
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