
O aplicativo chinês de delivery Keeta – controlado pela gigante Meituan – anunciou sua chegada ao Brasil fazendo barulho, com a promessa de competir com o iFood, principal player do setor. Mas a concorrência não anima os entregadores, que há anos reivindicam melhores condições de trabalho e reajustes nos valores pagos por entrega.
“A gente não vê perspectiva de melhora, seja com a Meituan, seja com qualquer outro aplicativo. Essas empresas têm investidores para quem precisam dar retornos e elas só conseguem dar esses retornos com a precarização e exploração desse serviço. No início, as condições costumam ser melhores e os aplicativos pagam muito bem, porque as plataformas estão investindo, mas depois o fim é o mesmo. Só muda a coleira”, afirma Edgar Francisco da Silva (conhecido como Gringo), presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR).
Em entrevista ao Startups, Edgar conta que irá se reunir com o Ministério do Trabalho (MTE) nesta quinta-feira (15) para falar sobre a retomada da Mesa Tripartite do governo federal com aplicativos e trabalhadores. O grupo havia sido instalado em 2023 para negociar uma proposta de regulamentação do trabalho dos entregadores dentro do projeto de lei complementar (PLP) 12/24, que regulamenta o trabalho dos motoristas de aplicativo.
O PLP 12/24 tramita hoje na Câmara dos Deputados, mas cobre apenas os motoristas de veículos de quatro rodas, que atuam com Uber e 99, por exemplo. Por falta de acordo, os entregadores sobre duas rodas ficaram de fora do projeto.
Depois da paralisação dos entregadores em abril deste ano, a discussão sobre uma regulamentação para a categoria voltou à tona no Congresso, onde há mais duas propostas (PL 3598/24 e PL 3683/24) que tratam de melhorias para as condições de trabalho desses profissionais. No dia 22 de maio, uma audiência na Câmara vai debater o tema.
Edgar afirma que o diálogo está aberto com todos os aplicativos, mas argumenta que as pautas da categoria já foram colocadas e tornadas públicas, e que até o momento não houve avanços nas negociações.
“Esperamos que algum dia um aplicativo, seja de fora, seja do país, seja justo com o trabalhador que arrisca a vida todos os dias. Por trás de toda entrega tem muita dedicação e sacrifício, e a gente merece reconhecimento, com ganhos justos”, diz.
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