
*Por Thomas Gautier, CEO do Freto
Em um cenário em que as relações internacionais se tornam mais complexas e menos previsíveis, o Brasil tem condições de avançar em diferentes mercados. E como as organizações podem fortalecer conexões além-fronteiras? Nesses tempos, a resposta continua na inovação e na capacidade de simplificar processos para ganhar performance. Não faltam exemplos de que isso é possível.
A indústria de mineração, há anos no topo do PIB nacional, prevê direcionar mais de US$ 10 bilhões a projetos de sustentabilidade no período entre 2024 e 2028, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O volume é 62% maior que o previsto para aplicação no intervalo de 2023 a 2027. Nesse segmento, o país se destaca na corrida de pelo menos 11 matérias-primas estratégicas para a transição energética – inclusive o lítio necessário para as baterias de carros elétricos.
Por mais que as questões geopolíticas tenham ganhado espaço, as empresas brasileiras jamais podem abandonar o que está em suas mãos resolver, como a eficiência operacional. Ainda que haja inúmeros gargalos de processo a solucionar, no início de 2025, o agronegócio já previa crescimento no ano, impulsionado pela expansão das áreas de cultivo, da produção de grãos e da atividade de insumos agropecuários.
Na safra 2023-2024, o Brasil, líder na produção de milho e soja, ultrapassou os EUA como maior fornecedor de algodão e espera se tornar o maior vendedor de café e carnes do mundo. De acordo com o estudo Radar Agtech 2024, da Embrapa, o número de incubadoras de startups do setor cresceu 224%, comparado ao ano anterior.
Na indústria aeronáutica, que envolve altíssima tecnologia, a Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, é líder em encomendas de Veículos Aéreos de Decolagem e Aterrissagem Vertical (eVTOLs), ou “carros voadores”. Entre 2021 e 2023, a participação de fontes renováveis na Oferta Interna de Energia brasileira passou de 45% para 49%, consolidando o potencial do país para encabeçar a transição energética. A média mundial é de 14%.
Na indústria criativa, vamos além do Oscar no cinema. O Brasil é o quinto maior mercado de games em número de jogadores e representa cerca de metade das receitas na América Latina. Tornou-se o primeiro país, em 2025, a garantir em Cannes o prêmio “Creative Country of the Year”, em reconhecimento à sua tradição e influência.
Na área financeira, com mais de 160 milhões de usuários, o Pix se tornou referência internacional em agilidade e segurança das transações. Segundo levantamento da A&S Partners, o número de fintechs no Brasil aumentou quase 80% nos últimos cinco anos.
O setor de logística reflete o gigantismo de um território de dimensões continentais e está na base de muitos desses mercados. De modo direto, como no frete de commodities; ou indireto, como em etapas da infraestrutura para operação de meios de pagamento ou telecomunicações. As cerca de 300 logtechs do país têm promovido uma revolução digital diversificada no transporte das cargas, que passa por gestão de entregas, frotas, IA, inovação, automação, B2B, B2C, segurança, democratização do acesso, sustentabilidade, last-mile, aumento de margens e tantas outras áreas.
O tamanho do país, de sua economia e de seu mercado, aliado às alternativas que precisamos criar, abre espaço para experimentar soluções de maneira única. Na base não apenas da tentativa e do erro. Beneficiados também pela intensidade, escala e diversidade que o Brasil oferece como diferencial no mundo.
Em períodos de incerteza, há ainda menos tempo para agir. É urgente pensar em como nossas maiores habilidades e inovação podem ajudar a resolver os problemas locais e os de outros países. Respostas não faltam.
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