A briga entre Estados Unidos e China e o tarifaço promovido por Donald Trump têm levado o mundo para um caminho cada vez mais dividido, com maior isolamento entre os países. Mas essa nova ordem pode acabar favorecendo os players locais, que entendem melhor as particularidades do seu mercado.
“Porque o mundo está dividido, a competição vai ser muito mais concentrada. E este é o meu território, não o deles. Você precisa entender cada vez melhor o que pode fazer, onde você tem uma vantagem que ninguém de fora tem, que é o conhecimento local”, disse Diego Barreto, CEO do iFood durante o painel The network effect, no Web Summit Rio 2025.
Moderada por Gustavo Brigatto, fundador do Startups, a sessão contou ainda com participação de Federico Vega, fundador e CEO do unicórnio Frete.com.
“E eu realmente acredito que empresas como a do Federico e o iFood são as que podem tirar vantagem disso, porque sabemos como operar em rota. Mesmo sendo online, temos que operar em rota, e isso muda tudo”, acrescentou Diego Barreto.
Argentino, Federico contou que conhecer profundamente o mercado local foi fundamental para se consolidar no Brasil. Segundo ele, a burocracia, vista por muitos como um problema, pode na verdade se tornar um diferencial competitivo para as companhias.
“Quando você olha para o Brasil, acho que a burocracia e a complexidade são suas melhores amigas, se você aprender a navegar. E vou dar um exemplo real do nosso caso. Nosso equivalente chinês, com todo aquele dinheiro que tinha, veio competir conosco em 2018. Mas eles não entendiam a cultura, assim como eu estudei as coisas quando cheguei aqui e aprendi sobre os mercados. Então, construir a empresa do zero e estudar os mercados, a cultura, a complexidade e a burocracia… era como se quanto mais complexa a economia brasileira se tornasse, melhor para nós”, disse.
Apesar de atuarem em segmentos diferentes, o iFood e a Frete.com operam com base em conexões. No primeiro caso, entre restaurantes e entregadores, e no segundo, entre caminhoneiros e empresas.
Gustavo Brigatto comentou que, quando se cria plataformas que promovem essas conexões, é comum que haja desafios, como a atração da atenção de reguladores e a própria relação com a rede. Para Diego, a melhor forma de lidar com esses problemas é criando um ambiente que seja vantajoso para todas as partes.
“A melhor maneira de provar que estamos aproveitando o network effect é por meio de resultados. O que estou tentando dizer é que o ecossistema só funciona se todos ganharem. Se isso não acontecer, não é um ecossistema. Então, no meu caso, por exemplo, a média de vendas por faturamento por motorista, aumenta seis anos consecutivos. Então eu estou gerando valor”, explicou.
Assista a conversa na integra.
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