*Por Rodolfo Magno
Você provavelmente segue uma rotina ao sair de casa: verifica as janelas, tranca a porta e, talvez, digite um código no alarme. Alguns de nós são tão cautelosos que voltam para checar se o fogão está mesmo desligado ou se a porta está devidamente trancada. São pequenos inconvenientes — às vezes até “excessos” — que aceitamos em nome da nossa segurança física. Mas, quando o assunto é segurança digital, por que tantas pessoas se irritam com senhas complexas ou autenticação em duas etapas? E por que essa resistência pode sair tão caro?
Os riscos digitais podem ser tão devastadores quanto um arrombamento físico. Um vazamento de dados pode expor informações bancárias, fotos pessoais e até sua identidade digital completa. Mesmo assim, muitos continuam usando “123456” como senha e ignorando atualizações de segurança.
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O que explica essa resistência?
Segundo o Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM), desenvolvido por Fred Davis em 1989, dois fatores principais determinam se uma pessoa adota uma tecnologia:
1. Utilidade percebida: O usuário acredita que a tecnologia realmente trará benefícios (ex.: “Isso vai me proteger melhor?”).
2. Facilidade de uso percebida: A solução parece simples e prática (ex.: “Isso vai me dar muito trabalho?”).
Mesmo quando a utilidade é evidente — como no caso de senhas fortes ou autenticação multifator —, se a facilidade de uso for baixa, a resistência tende a ser alta. Essa é a razão pela qual muitas pessoas preferem senhas simples: a percepção de que criar e memorizar combinações complexas é muito trabalhoso.
Além disso, tecnologias que combinam segurança e praticidade, como biometria, têm maior aceitação porque tornam o processo intuitivo. Por outro lado, sistemas mais complexos, com múltiplos passos de verificação, enfrentam resistência, mesmo sendo mais seguros.
Os impactos financeiros dos ataques
De acordo com o relatório “America’s Password Habits” da Forbes Advisor, realizado com mais de 2.000 respondentes, 46% das pessoas admitiram que tiveram suas senhas roubadas. Além disso, 78% dos usuários ainda reutilizam senhas entre diferentes contas. É como usar a mesma chave para casa, carro e escritório — se alguém pegar uma, tem acesso a tudo.
O impacto financeiro é ainda mais alarmante. Segundo o relatório “Cost of a Data Breach 2024”, da IBM, o custo médio de um vazamento de dados em 2024 foi de US$ 4,88 milhões por incidente, além do custo reputacional, que muitas vezes é ainda mais significativo que o financeiro.
Para empresas governamentais, as consequências podem incluir auditorias rigorosas, responsabilização de gestores e perda da confiança da população, que depende desses serviços para áreas essenciais.
Soluções práticas para proteção digital
A criptografia transparente representa um avanço crucial na proteção de dados. Atuando como um “guarda-costas invisível”, ela criptografa automaticamente informações em bancos de dados, arquivos e aplicações na nuvem, sem interferir na experiência do usuário. Essa tecnologia reduz significativamente o risco de falhas humanas e vazamentos, mantendo os dados protegidos mesmo em caso de invasões.
Outras soluções modernas incluem:
- Gerenciadores de acesso privilegiado (PAM): eliminam a necessidade de memorizar várias senhas
- Ferramentas EDR e XDR: monitoram dispositivos e detectam ameaças em tempo real
- Autenticação biométrica: oferece segurança sem comprometer a praticidade
O equilíbrio entre segurança e praticidade
Assim como trancar a porta de casa se tornou um hábito automático, práticas de segurança digital podem se integrar ao cotidiano. A chave está em criar soluções que protejam sem atrapalhar e eduquem os usuários de forma prática.
O futuro da segurança digital está em sistemas que trabalham nos bastidores, permitindo que as pessoas se concentrem no que fazem de melhor. Quando a segurança é implementada corretamente, ela não é um obstáculo — é uma base para inovação, confiança e crescimento sustentável.
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