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“Tem medo da IA, aquele que fica grudado à sua racionalidade”, afirma Carla Tieppo, doutora em neurociência

By 15 de abril de 2025No Comments

Mulher de cabelos grisalhos curtos, usando casaco amarelo sobre camisa branca, sorrindo enquanto fala com um microfone de lapela preso à face. Ela segura um controle remoto e usa um crachá verde no pescoço. Ao fundo, o ambiente está desfocado, sugerindo um espaço interno com iluminação suave. A mulher na imagem é Carla Tieppo, neurocientista

Durante séculos, o ser humano acreditou que era sua racionalidade e capacidade lógica que o tornavam diferente dos demais animais. Seguindo essa linha de pensamento, a partir do Iluminismo, a sociedade desenvolveu ferramentas, como a inteligência artificial (IA), que hoje desafiam essa percepção e levantam questionamentos sobre o papel das lideranças nas organizações. É isso que defende a doutora em neurociência Carla Tieppo.

Em seu workshop na imersão Liderança de Propósito, promovida pelo Itaqui, a neurocientista abordou a nova fase da liderança, que vai além de comandar ou supervisionar equipes. “Nós temos que resgatar a ideia do porquê é necessário um líder. Você pode criar sistemas que desempenhariam esse papel de organização, inclusive com dados e de forma automatizada. O que falta, de fato, é essa inspiração vinda do exemplo”, provoca ela, em entrevista ao IT Forum.

De acordo com a doutora, o desafio deste novo cenário consiste em não buscar mais a liderança pela liderança, mas sim atuar como um modelo inspirador, que persegue seus próprios objetivos e conduz suas equipes em meio às marés turbulentas. O caminho para alcançar isso? Autoconhecimento. Reconhecer as próprias falhas e responsabilidades, questionando-se sobre qual tipo de liderança você realmente exerce com excelência.

O conceito remete a uma das maiores forças do ser humano, responsável por nossa trajetória enquanto espécie: a inteligência social. Trata-se da habilidade de nos relacionarmos e construirmos conexões, que vai além da inteligência emocional. A pesquisadora destaca que reavivar essa ideia é o que trará líderes ao século 21.

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A transformação já é percebida dentro das organizações. Com a chegada de novas tecnologias e os conflitos entre gerações, os gestores atuais vêm relatando dificuldades, especialmente em relação à geração Z. Uma pesquisa de 2024, realizada pela Sputnik, revelou que oito em cada dez líderes enfrentam desafios para conduzir ambientes multigeracionais, sendo a principal dificuldade apontada o desenvolvimento e engajamento das equipes (25%).

O estudo revela ainda que a coordenação de demandas e processos (66,8%) é o que mais consome o tempo dos líderes e de suas equipes.

Por outro lado, 91% dos profissionais liberais não têm interesse em se tornar gestores de pessoas, segundo uma pesquisa da Visier. Entre os principais motivos estão a expectativa de aumento de estresse e pressão (40%) e a falta de interesse pelas responsabilidades da liderança (30%).

“Às vezes, precisamos esticar um pouco a corda nas relações e, depois, se for necessário, recuar. Mas é importante ser mais flexível e não se prender a um papel da forma como se espera, simplesmente porque esse é o processo. O ser humano pode arriscar, ser criativo, tomar decisões que podem dar errado e, em seguida, voltar atrás. E está tudo bem”, defende Carla.

Na visão da neurocientista, o caminho escolhido por muitos líderes tem, inclusive, travado a inovação, que exige um processo de tentativa e erro. O desafio se torna ainda maior em ambientes onde as relações são criadas de maneira artificial e os interesses individuais prevalecem sobre os coletivos. A transformação proposta alteraria não apenas a forma de liderar, mas também a atuação dos liderados e as estruturas das organizações. “Não é fácil, mas é o único caminho, especialmente agora. Precisamos resgatar o suporte do ser humano ao ser humano”, finaliza.

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